Os protestos no Egito pedem a saída do presidente Hosni Mubarak (Chris Hondros/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 14h18.
Cairo - A crise política que atinge o Egito está impactando de forma negativa no valor da moeda local, enquanto a Bolsa do país, temendo uma queda brusca das ações, não pretende retomar as atividades até o próximo domingo.
A cotação da libra egípcia em relação ao dólar, que antes do início da crise estava na casa dos 5,7 e 5,8, está se aproximando das 6 nos últimos dias, em níveis nunca vistos em seis anos.
A turbulência financeira ocorre mesmo após a intervenção do Banco Central - através de entidades financeiras intermediárias - que está agindo para injetar liquidez no mercado e evitar uma queda ainda maior da registrada.
O dólar já atingiu o patamar de 5,85 libras egípcias no dia 27, dois dias depois que começassem os protestos contra o regime político do presidente Hosni Mubarak, mas, desde então, os mercados permanecem fechados e as operações bancárias só neste domingo foram retomadas.
A taxa de câmbio registrada pelo Banco Central no fechamento do mercado marcava um preço de 5,91 para compra e de 5,94 para a venda, mas nesta segunda-feira a moeda local voltou a perder valor e o dólar fechou ao preço de 5,93/5,96 libras.
O mercado já está cogitando a possibilidade de o dólar superar o preço das 6 libras, e alguns, inclusive, temem que a queda do valor seja acima de 25% e a moeda americana chegue a atingir a barreira das 7 libras.
Por enquanto, o Banco Central não fixou um nível de referência para o mercado interbancário, uma possibilidade discutida neste domingo, na retomada das operações bancárias, mas está operando indiretamente para evitar uma deterioração ainda maior.
As reservas internacionais do Banco Central egípcio chegam a US$ 34 bilhões, segundo dados oficiais, um nível cômodo para o Governo do Cairo, segundo relatórios da imprensa local, dadas as grandes retiradas de fundos para seu envio para fora do país.
Embora o impacto seja leve, a falta de dinheiro no país influi significativamente no controle de uma depreciação ainda maior. Os bancos estão operando desde este domingo, mas com horários reduzidos e com limitado número de agências abertas.
Enquanto a moeda local resiste às pressões de vendas do mercado de divisas, o mercado de capitais parece ter mais receio diante da crise. Tal como se anunciou nesta segunda-feira, a Bolsa do Egito não retomará suas atividades até o próximo domingo.
Este é um novo adiamento. Primeiro havia se anunciado que a Bolsa abriria neste último domingo, da mesma forma que os bancos; depois, as autoridades disseram que o mercado permaneceria fechado pelo menos até esta terça-feira. Agora, em princípio, a reabertura será domingo.
A Bolsa do Egito foi a que mais alarme indicou. No último pregão, realizado em 27 de janeiro, o indicador EGX30 caiu 10,52%, sendo que um dia antes a queda tinha sido de 6,14%.
As autoridades egípcias ainda não apresentaram números aproximados sobre o impacto econômico, que está afetando especialmente o turismo, um dos pilares da economia local e uma das principais fontes de receitas do país.
Em declarações repercutidas nesta segunda-feira pela imprensa local, o vice-presidente do Banco Central, Hisham Ramez, disse que ainda é muito cedo para falar de quantias e esclareceu que a disponibilidade de dinheiro não corre perigo.
"Por enquanto, nossa maior preocupação quanto à economia egípcia é superar a crise. Cumpriremos nossas obrigações externas a tempo, incluindo o abono dos vencimentos de dívida e dos bônus públicos", declarou Ramez.
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