Após o mercado apagar a ideia de piso da Selic após a mudança na poupança, tenta-se fixar um piso para a queda da taxa básica na economia, que hoje está em 9% (Divulgação/Banco Central)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2012 às 12h01.
São Paulo - Os juros de dois dígitos estão em extinção na curva futura brasileira nesta segunda-feira, em que os investidores ainda reagem às implicações da mudança da remuneração da caderneta de poupança e acompanham a reação externa aos dados que mostraram perda de dinamismo na criação de postos de trabalho na economia norte-americana e aos desdobramentos implícitos da eleição da França e da Grécia.
Por volta das 11h36, as taxas dos contratos futuros de juros operam abaixo dos dois dígitos até o prazo de vencimento de 2021. No contrato para janeiro de 2021, a taxa projetada estava em 9,88%, na mínima intraday, de 10,12% no ajuste de sexta-feira. O contrato para janeiro de 2017 apontava taxa de 9,36%, ante 9,55% no ajuste. O contrato para janeiro de 2014 recuava a 8,22%, de 8,28% no ajuste. O janeiro de 2013 cedia a 7,90%, de 7,97% no ajuste de sexta-feira.
Após o mercado apagar a ideia de piso da Selic após a mudança da remuneração da caderneta de poupança, tenta-se fixar um piso para a queda da taxa básica na economia, que hoje está em 9%. Ao mesmo tempo, o exterior posterga a necessidade de elevação da taxa, diante das perspectivas desfavoráveis trazidas pelos dados recentes dos EUA e pelos desdobramentos das eleições na França e Grécia.
"O mercado está adiando o cenário de uma potencial subida na Selic, alongando o ciclo em que a taxa ficará em patamar baixo", comentou o chefe da Tesouraria do Standard Bank, Andrei Gonçalves. Esse enquadramento suaviza a inclinação positiva da curva de juros. O diferencial de taxa entre um contrato do prazo de janeiro de 2013 e o janeiro de 2021 achatava de 2,15 pontos porcentuais na sexta-feira para 1,98 pontos porcentuais.
A suavização da estrutura de juros brasileira também sofre a influência de movimento semelhante visto em curvas de juros externas, já que as taxas longas de diversos instrumentos de renda fixa estrangeiros também fechavam, diante dos vetores externos.
Segundo dado divulgado na sexta-feira, a economia dos EUA criou 115 mil empregos em abril, abaixo da criação de 168 mil vagas prevista pelos analistas. O dado esfriou a possibilidade de uma retomada mais forte da economia norte-americana que poderia servir de catapulta para um maior dinamismo global.
Ao mesmo tempo, os resultados das eleições da França e Grécia estampavam a insatisfação da população com as medidas de austeridade que estão sendo adotadas e levantam dúvidas sobre o empenho de dirigentes com o cumprimento de iniciativas que tendem a sufocar ainda mais o crescimento. Na França, o socialista François Hollande confirmou seu desempenho nas pesquisas e tornou-se presidente. As críticas de Hollande à estratégia pró-austeridade da chanceler alemã Angela Merkel como uma solução para a crise de dívida europeia ajudaram o candidato socialista a vencer o presidente Nicolas Sarkozy, um aliado próximo de Merkel.
Na Grécia, os líderes do partido socialista Pasok e do partido conservador Nova Democracia, que governam a Grécia, pediram coalizão ampla para governar o país após terem perdido maioria no Parlamento nas eleições ocorridas nesse domingo. Mas as dificuldades são vastas para se formar um acordo e a falta de uma aliança pode levar à convocação de nova eleição.