JPMorgan vê Ibovespa a 134 mil pontos e ‘básico’ de reformas
O Brasil é o principal candidato para ir melhor entre os mercados acionários da América Latina em 2021, segundo o estrategista de ações do banco
Karla Mamona
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 10h25.
(Bloomberg) -- O JPMorgan Chase espera que a retomada da atividade econômica global sustente ganhos adicionais da bolsa brasileira , à medida que o país tenta resgatar sua agenda de reformas.
“O Brasil é o principal candidato para ir melhor” entre os mercados acionários da América Latina em 2021, disse Emy Shayo, estrategista de ações para a região do banco, em entrevista. “Esperamos uma aceleração da economia global com pequena desvalorização do dólar.”
O JPMorgan projeta que o Ibovespa encerre o ano que vem a 134.000 pontos, ou cerca de 20% acima do nível atual, em meio a uma forte recuperação dos resultados corporativos. O mercado local deve seguir se beneficiando de uma rotação para ações de valor e papeis mais cíclicos, especialmente por conta do grande peso que bancos e empresas ligadas a commodities possuem dentro do índice.
A bolsa brasileira registrou maior alta mensal desde 2016 em novembro, diante do progresso no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus e da forte entrada de recursos estrangeiros. Em dólar, o Ibovespa ainda acumula queda de cerca de 26% desde o início do ano.
Enquanto o quadro externo se mostra mais favorável, o ceticismo em relação às questões domésticas ainda é grande. Os investidores seguem cautelosos sobre as chances de um avanço significativo de reformas estruturais, e monitoram as discussões sobre o cumprimento do teto de gastos.
“Nossa visão é de que o teto se mantém, mas o debate fiscal continua”, disse Shayo. O banco espera que o governo brasileiro avance com uma agenda básica, incluindo a PEC emergencial e temas micro -- como o projeto da autonomia do Banco Central e a nova lei do gás natural.
Para a materialização do cenário otimista do banco -- Ibovespa a 150.000 pontos no fim de 2021 --, seria necessário uma surpresa maior em relação à entrega de reformas, além de uma recuperação mais forte que o esperado, de acordo com Shayo.