Joesley e Wesley sabiam de impacto no mercado, conclui PF
A Operação Tendão de Aquiles e seus desdobramentos apontam que os irmãos da JBS fizeram uso das informações de delação para auferir lucros milionários
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de outubro de 2017 às 13h13.
Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 15h05.
São Paulo - A Polícia Federal encerrou a Operação Acerto de Contas, desdobramento da Tendão de Aquiles, que investigou o uso de informações privilegiadas e manipulação de mercado pelas empresas JBS e FB Participações em transações do mercado financeiro. O relatório final do inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Federal.
Joesley e Wesley mergulharam o governo Michel Temer na grande crise política. Com base na delação premiada dos irmãos Batista, a Procuradoria-Geral da República abriu investigação contra o presidente e o denunciou por corrupção passiva - acusação barrada pela Câmara.
A Operação Tendão de Aquiles e seus desdobramentos apontam que os irmãos da JBS fizeram uso das informações de sua própria delação para auferir lucros milionários no mercado financeiro e também por meio de operações no mercado da moeda americana.
A PF ilustrou o relatório final da investigação com uma "linha do tempo", na qual destaca o Termo de Confidencialidade subscrito pelos irmãos Batista e a Procuradoria. A PF afirma que o indicativo essencial do uso de informação privilegiada pelos irmãos Batista é o Termo.
Para a PF, com a assinatura do compromisso, os irmãos tiveram a certeza de que aquele documento "era impactante" e a informação poderia ser utilizada no mercado.
Os investigadores observam que os irmãos da JBS detinham informações relevantes que iam impactar o mercado.
Joesley e Wesley, controladores do grupo J&F, do qual a JBS é a principal empresa, foram indiciados em 20 de setembro. Eles estão presos a pedido da Polícia Federal desde 13 de setembro, quando foi deflagrada a segunda etapa da Tendão de Aquiles.
O primeiro foi indiciado pela suposta autoria dos crimes de manipulação de mercado e uso indevido de informação privilegiada, previstos na Lei 6.385/76, com abuso de poder de controle e administração, em razão do evento de venda de ações da JBS S/A pela FB Participações, controladora desta última.
Wesley foi indiciado como autor do crime de manipulação de mercado e "como partícipe no crime de uso indevido de informação privilegiada praticado por Joesley com abuso de poder de controle e administração, em relação aos eventos relativos à venda e compra de ações da JBS S/A".
Wesley também foi indiciado como autor no crime de uso indevido de informação privilegiada, com abuso de poder de controle e administração, em relação aos eventos relativos à compra de contratos futuros e contratos a termo de dólares.
As investigações tiveram início quando as transações foram noticiadas. Em atuação conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários, a PF aponta existência de "provas robustas" de que a determinação das operações financeiras partiu dos irmãos Batista.
Outro lado
O advogado Pierpaolo Bottini, que defende os irmãos Batista, disse que ainda não teve acesso ao relatório final da Operação Acerto de Contas.