IRB Brasil desaba 15% na Bolsa após gestora questionar balanços
Por volta de 12:00, as ações do IRB Brasil perdiam 10,55%, a 40,21 reais, maior queda do Ibovespa, que subia 1,16%
Reuters
Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 12h40.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2020 às 12h44.
São Paulo — As ações do IRB Brasil chegaram a recuar mais de 15% nesta segunda-feira, tendo de pano de fundo carta da Squadra Investimento, na qual a gestora avalia que há indícios que apontam para lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da companhia.
Por volta de 12:00, os papéis perdiam 10,55%, a 40,21 reais, maior queda do Ibovespa, que subia 1,16%.
"Desde que o IRB abriu seu capital em bolsa de valores, em 2017, temos dedicado esforços na análise de seus negócios e resultados... Essa disparidade entre lucro contábil e lucro normalizado foi crescente durante o período e atingiu sua maior diferença nos resultados trimestrais mais recentes", ressaltou a Squadra, em carta a cotistas com data de domingo.
"Não estamos afirmando que há razões legais ou regulatórias que exijam a divulgação de tais lucros de modo diferente ao realizado pelo IRB. Nossa intenção aqui é justificar aos senhores nossa opinião de que há uma grande disparidade entre preço e valor nas ações do IRB, causada principalmente por uma percepção de parcela do mercado sobre a sustentabilidade dos seus elevados níveis de retorno sobre o capital."
Em comunicado ao mercado, o IRB Brasil afirmou que suas demonstrações financeiras assim como relatórios da administração e comentários de desempenho que a acompanham são elaboradas segundo as normas contábeis e atuariais vigentes no Brasil com absoluta precisão, passando por um rigoroso processo de governança.
"A performance financeira da companhia e seu 'earnings power' está fielmente retratado nas referidas demonstrações contábeis", afirmou a resseguradora no comunicado, afirmando que está avaliando com seus assessores legais, as medidas cabíveis a serem tomadas neste cenário, onde o emissor da carta tem interesse econômico diametralmente conflitante com os interesses da companhia.
A Squadra, na mesma carta, esclareceu que o investimento vendido (short) nas ações do IRB Brasil Resseguros se tornou uma de suas maiores posições, sendo a principal exposição vendida do fundo Squadra Long-Biased. A construção da posição na companhia teve início em maio de 2018. Assim, os fundos da gestora se beneficiam de uma queda das ações.
Desde o começo de maio de 2018 até a última sexta-feira, as ações do IRB Brasil haviam acumulado valorização de 196%.