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Investidor europeu vê Brasil intervencionista como a Rússia

Medidas do governo reduzem seriamente a visibilidade do mercado, avalia HSBC

IGCX -Índice de Governança Corporativa Diferenciada (Gustavo Kahil/EXAME.com)

IGCX -Índice de Governança Corporativa Diferenciada (Gustavo Kahil/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2012 às 10h34.

São Paulo – O perfil mais intervencionista do governo federal sobre a economia tem assustado os investidores em ações europeus, aponta o HSBC em um relatório publicado nesta segunda-feira e produzido após uma semana de reuniões dos analistas com clientes na Europa. A presidente Dilma Rousseff tem liderado mudanças nos setores elétrico, bancário, industrial e outros.

“Os investidores estão muito preocupados com a intervenção do governo, com a falta de visibilidade econômica e não se impressionam com as avaliações”, destacam os analistas Alexandre Gartner e Francisco Machado. Nossas opiniões otimistas a respeito do Brasil, como uma aposta em recuperação cíclica, foram, muitas vezes, recebidas com certo ceticismo”, afirmam.

O HSBC indica que os mais pessimistas chegam a comparar o Brasil até com a Rússia. “A percepção predominante é que essas medidas reduzem seriamente a visibilidade do mercado brasileiro e foram adotadas sem qualquer tipo de alerta ou debate mais amplo. Portanto, passou a ser muito mais difícil projetar os lucros no Brasil e essa é a razão pela qual o país é hoje negociado a níveis relativamente descontados”, destacam Gartner e Machado.

Crescimento e inflação

Segundo o HSBC, alguns ainda não estão convencidos de que a esperada retomada da economia brasileira é real ou está apenas sendo motivada por uma antecipação do consumo levada pelos estímulos anticíclicos, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis. Os economistas, segundo o relatório Focus do Banco Central, esperam uma aceleração do crescimento do PIB de 1,54% em 2012 para 4% no ano que vem.


“A maior preocupação entre os investidores de mais longo prazo é que a recuperação da economia brasileira tenha curta duração e que leve a uma retomada rápida da inflação”, ressalta o banco. O temor é que o mercado de trabalho excessivamente aquecido aumente a pressão sobre os salários no momento em que a economia volte a acelerar. A taxa de desocupação de agosto foi estimada em 5,3% para o conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Alocação

Os analistas indicam que os investidores estão concentrados em ações defensivas e mais visíveis. “De fato, é importante destacar que uma pequena parcela de investidores (estimamos em não mais de 10% deles) já começou a acrescentar alguns poucos nomes cíclicos a suas carteiras. Mas para a maioria, esta é ainda uma porção mínima de suas carteiras”, afirmam.

A despeito da opinião dos europeus, o HSBC avalia que o mercado brasileiro está negociando a uma avaliação relativamente barata e a uma perspectiva muito desfavorável para os próximos resultados. “O país enfrentou o maior ciclo de rebaixamento nas projeções da história recente e as expectativas são muito baixas”, ressaltam os analistas. Para eles, a melhor alocação de ativos para se aproveitar de uma recuperação econômica está nos bancos privados. Espera-se que os estatais fiquem menos agressivos quando a economia melhorar, o que pode render um fôlego aos demais.

“Também cremos que isso pode motivar os investidores globais a revisar para cima suas alocações ao Brasil, hoje em níveis baixos. Isso traria benefícios a todos as empresas grandes e de forte liquidez no Brasil, já que, no passado, cerca de metade das entradas de fluxo desses investidores aconteceram por meio de ETFs (Exchange Traded Funds)”, concluem.

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