Bolsa: Ibovespa sobe com ajuda internacional (Chuanchai Pundej/EyeEm/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de maio de 2020 às 14h21.
Última atualização em 5 de maio de 2020 às 17h45.
A expectativa de o pior cenário econômico já tenha ficado para trás impulsiona as bolsas de valores do mundo. O movimento internacional ajudou a valorizar as ações brasileiras. No entanto, a instabilidade da política interna atrapalhou voos ainda mais altos. O Ibovespa, principal índice de ações da B3, subia mais 1,5% no período da tarde, mas perdeu força por volta das 16 horas, quando o depoimento do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro tornou-se público. Com isso, o índice fecho em alta de 0,75%, em 79.470,78 pontos.
"O discurso do Moro mudou o cenário. É bem provável que agrave a situação política do país", afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Segundo ele, as declarações do ex-ministro são "aparentemente graves" e pode servir de munição para aqueles que defendem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
No radar dos investidores também esteve as recentes falas de Bolsonaro. “As declarações recentes do presidente são bem polêmicas e tem desagradando bastante o mercado”, disse Gabriel Ribeiro, analista da Necton Investimentos. Segundo ele, os ataques verbais a instituições, como o Supremo Tribunal Federal tem causado repercussão negativa entre os investidores. “Isso causa muita instabilidade.”
No cenário externo, parte do bom humor se deu a partir de medidas de afrouxamento das quarentenas, que tende a aquecer as economias. Na Europa, países como Itália, Espanha e Alemanha já diminuíram o isolamento social. Nos Estados Unidos, 31 dos 50 estados devem iniciar algum tipo de reabertura econômica até o fim da semana.
Segundo Ribeiro, os relatórios dos economistas-chefes do Morgan Stanley e do Goldman Sachs, que afirmam que o pior já passou, também aumentaram o otimismo dos investidores.
No cenário externo a notícia de que os Estados Unidos estão considerando estender algumas exclusões tarifárias de produtos chineses, apesar das recentes ameaças do presidente Donald Trump sobre a origem do coronavírus. "Isso ajuda a reduzir, pelo menos no curto, a questão da guerra comercial", afirmou Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.
Por outro lado, a notícia de que o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, vê a necessidade de mais estímulos econômicos arrefeceu a alta do S&P 500. "O mercado interpreta que pode demorar mais para a economia ganhar força", disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Na bolsa, as ações dos bancos fecharam em queda, com exceção do Itaú. Entre eles, o pior desempenho ficou com o Santander, que se desvalorizou 5,5% na bolsa. Segundo Bruno Lima, jogou contra o setor a possibilidade de o Senado aprovar o projeto que limita os juros do cheque especial durante a pandemia.