Bolsa: Ibovespa cai 0,51% e encerra em 79.063,68 pontos (Cris Faga/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 6 de maio de 2020 às 17h25.
Última atualização em 7 de maio de 2020 às 09h19.
A bolsa brasileira fechou em queda, nesta quarta-feira, 6, com um misto de notícias negativas internas e externas. Enquanto, no mercado americano, os dados sobre desemprego pesaram negativamente, por aqui, os investidores tiveram que lidar com o rebaixamento da perspectiva da nota de crédito do Brasil, anunciada na noite de ontem pela agência de classificação de risco Fitch. Com isso, o Ibovespa, principal índice de ações, fechou em queda de 0,51%, em 79.063,68 pontos.
Ainda pela manhã, o otimismo dos mercados internacionais com a reabertura das economias deu lugar à cautela, quando a ADP divulgou a variação dos empregos privados nos Estados Unidos. Segundo o instituto de pesquisa, o país perdeu 20,236 milhões de empregos, em abril. A projeção dos economistas apontavam para uma queda de 20 milhões de empregos. "Os números vieram muito ruins, foi uma dos piores da história dos Estados Unidos", afirmou William Teixeira, economista da Messem Investimentos.
Por aqui, os investidores também viram com maus olhos a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do pacote de auxílio emergencial de 125 bilhões de reais aos estados e municípios, feito sem a contrapartida do congelamento de salários de funcionários públicos. "Isso é bem negativo em termos fiscais", afirmou Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
"O Brasil vinha arrumando a casa, mas parece que esqueceram da responsabilidade fiscal. Não temos espaço para isso", afirmou Teixeira.
A preocupação com o futuro financeiro do país é a mesma compartilhada pela Fitch, que usou o cenário econômico do Brasil como justificativa para a redução da perspectiva. O segundo ponto para a decisão da agência de classificação de risco, de acordo com a própria, foi a instabilidade política.
Ontem, após a divulgação do depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o Ibovespa chegou a reduzir os ganhos já próximo do fim do pregão. No entanto, o fato não teve repercussão nos negócios hoje. "Na medida que as pessoas foram lendo o depoimento, viram que não tinha nenhuma 'bala de prata', nenhuma bomba muito grande", disse Esteter.
Apesar do tom negativo na bolsa, varejistas com operação digitais bem desenvolvidas dispararam na bolsa. As ações da B2W, braço digital das Lojas Americanas, saltaram 19,13%, e lideraram as altas do Ibovespa. Magazine Luiza e as próprias Lojas Americanas vieram logo atrás, com respectivas altas de 9,86% e 7,36%.
As valorizações ocorreram na esteira do resultado positivo do primeiro trimestre do Mercado Livre, divulgado hoje. Na bolsa Nasdaq, onde é listada, a ação do Mercado Livre subiu 19,64%.
"Como o Mercado Livre também tem participação no Brasil, ele serve como um termômetro", disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Para Rafael Panonko, analista da Toro Investimentos, o novo momento pode propiciar mudanças de hábitos de consumo, fazendo com que as compras digitais se tornem mais comuns, mesmo após a pandemia. "As empresas estão investindo em tecnologia e no segmento de e-commerce. A sociedade vai ter hábitos diferentes. Acredito que as compras por internet vão crescer exponencialmente", avaliou.