Mercados

Ibovespa fecha em queda; dólar favorece exportadoras e Vale atenua perdas

Discurso de Jerome Powell decepcionou investidores, que esperavam por sinais de juros negativos

Bolsa: Ibovespa cai 0,13% e fecha em 77.772,20 pontos.  (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)

Bolsa: Ibovespa cai 0,13% e fecha em 77.772,20 pontos.  (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 13 de maio de 2020 às 16h09.

Última atualização em 13 de maio de 2020 às 18h19.

A bolsa brasileira encerrou em leve queda, nesta quarta-feira, 13, com o cenário externo negativo. Depois de abrir em alta de mais de 1%, o Ibovespa, principal índice de ações, passou a perder força ainda pela manhã, quando o tão esperado discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, decepcionou os investidores. Depois de oscilar entre o terreno positivo e o negativo até os últimos minutos de pregão, o Ibovespa fechou em queda de 0,13%, em 77.772,20 pontos. 

No início da tarde, o presidente Donald Trump usou sua conta no Twitter para, mais uma vez, responsabilizar a China pela pandemia de coronavírus covid-19. Na publicação, Trump afirma que nem “cem acordos comerciais fariam a diferença”. A postagem levantou suspeitas sobre o cumprimento do acordo de janeiro e de novos embates comerciais. Por lá, o S&P 500 caiu 1,75%.

Para Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research, o impacto da postagem de Trump teve menos impacto no mercado brasileiro do que o discurso de Powell. “Pesou bem mais, principalmente pelo fato de ele ter mencionado que a situação segue crítica de forma geral”, disse. 

Em videoconferência, a maior autoridade monetária dos Estados Unidos voltou a reafirmar que novos estímulos podem ser necessários para atenuar os impactos econômicos da pandemia de coronavírus (covid-19). Mas que a responsabilidade deve ser mais do Congresso do que do Fed. 

 "Tinha a expectativa de que a fala dele direcionasse para a possibilidade de juro negativo, mas Powell acabou fechando essa porta", disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Após o discurso de Powell, o dólar subiu no mundo. No Brasil, a moeda voltou a fechar em níveis recordes, nesta quarta. 

Matheus Soares, analista da Rico Investimentos vê o movimento de queda mais brando no Brasil como correção às perdas mais intensas que a bolsa brasileira teve em relação à americana. “O Brasil fechou quase no zero a zero. Lá [nos EUA] as bolsas subiram muito nas últimas semanas. Em dólar, nossa bolsa está muito barata. O desempenho está descorrelacionado [com o S&P 500].”

Fatores internos tampouco ajudaram a bolsa. No radar do mercado, segue o vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, investidores ainda aguardam a divulgação do vídeo na íntegra para tomar decisões mais pontuais.

“Esse tom mais cauteloso tem um pouco da questão de como foi com o ex-presidente Michel Temer [no episódio do Joesley Day]. A princípio, teve toda uma insegurança, mas quando saiu o vídeo o sentimento foi outro”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, acredita que a bolsa brasileira ainda pode ter fortes perdas, caso o conteúdo do vídeo comprometa a imagem do presidente. “Ainda não está 100% precificado. A queda de ontem não foi a esperada para um vídeo ‘bombástico’. O mercado ainda está incerto sobre até onde isso pode prejudicar o governo. Se um impeachment se tornar factível, vamos ter uma volatilidade muito maior do que a que estamos tendo, vamos para novos circuit breakers”, afirmou.

Destaques

Com a alta do dólar, ações de empresas exportadoras figuraram entre as maiores altas da sessão. Entre os papéis com maior peso no Ibovespa, os da Vale subiram 2,28% e amenizaram a queda do índice.

Com as exportações em ascensão, os frigoríficos estiveram entre as maiores altas do Ibovespa. Na ponta, ficaram as ações da BRF, que subiram 12,17%, enquanto as da JBS se valorizaram 6,36%. Outro setor que possui grande parte da produção destinada ao exterior é o de papel e celulose. As duas empresas do segmento, Klabin e Suzano, tiveram respectivas altas de 7,64% e 4,2%.

Nesta manhã, também foi divulgado o resultado das vendas de varejo referente ao mês de março, que vieram melhores do que o esperado. No período, as vendas caíram 1,2% na comparação anual. A expectativa era de que houvesse uma contração de 6%. 

“Isso acaba gerando uma correção de preços das ações do setor. É um belo fôlego para quem as tem no portfólio”, disse Franchini.

Entre as principais varejistas da bolsa, o destaque ficou com a Via Varejo, que subiu 6,9%. B2W, Lojas Americanas e Magazine Luiza fecharam em alta de 2,12%, 3,28% e 0,55%, respectivamente.

Na ponta negativado índice, as ações da Embraer lideraram as perdas, recuando 8,7%, após a empresa apresentar dados fracos de entrega de aeronaves no primeiro trimestre. Foram apenas 14 entregues contra 22 no mesmo período do ano passado

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresIbovespaMercado financeiro

Mais de Mercados

“Vamos desalavancar a companhia”, diz Gustavo Couto, CEO do Grupo Vamos

“Bolha das ações de IA começou a estourar”, diz Gavekal; entenda o porquê

O que chamou atenção na divulgação de resultados da Petrobras, segundo o BTG Pactual

Ibovespa retoma patamar dos 130 mil pontos com inflação e Galípolo no radar; dólar cai a R$ 5,51

Mais na Exame