Ibovespa fecha em queda pressionado pelas ações dos grandes bancos
Após bater maior pontuação em 75 dias, desempenho negativo do setor faz bolsa virar para queda
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de maio de 2020 às 17h30.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 18h06.
A bolsa brasileira fechou em queda, nesta terça-feira, 26, na contramão do otimismo global com a possibilidade de uma nova empresa encontrar a vacina para o coronavírus. Por aqui, as ações dos grandes bancos puxaram o Ibovespa para baixo, fazendo o índice fechar em queda de 0,23%, em 85.468, 91 pontos.
Mais cedo, o Ibovespa chegou os 87.332 pontos - a maior marca em 75 dias. No entanto, o índice perdeu força conforme a desvalorização dos bancos, com grande peso no índice, se intensificou.
A queda das ações do setor ocorreu após o Valor informar que o governo pretender limitar os juros do cartão de crédito. Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research, também vê como negativo a possibilidade de o Congresso aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Liquido dos bancos.
"O Legislativo chamou o Banco Central para criar uma solução definitiva, o que deve ser melhor, mas ainda assim é ruim para bancos. Pressiona a rentabilidade", disse.
Henrique Esterer, analista da Guide Investimentos, também associa a depreciação dos papéis do setor à realização de lucros de curto prazo, visto que os bancos impulsionaram a alta da bolsa na sessão anterior. "O cenário doméstico veio de uma alta expressiva. Então não acho que seja um movimento assustador", disse.
Embora a bolsa tenha alcançado o maior patamar desde o início de março, Esteter ainda acha cedo para falar de mudança de tendência. "O mercado vai continuar volátil, vendo alguns papéis subirem sem razão as vezes. Isso não deve mudar se não enquanto estivermos debaixo de questões ligadas ao coronavírus", disse.
No cenário externo, as bolsas fecharam em alta, após a empresa americana Novavax ter anunciado que deu início aos testes em seres humanos. Caso o experimento seja bem-sucedido, a potencial vacina ainda precisará passar por uma nova bateria de testes. As ações da Novavax, listadas na Nasdaq, chegaram a subir mais de 15% ao longo do dia.
A busca pela vacina tem sido um dos maiores focos dos investidores, já que poderia evitar uma segunda onda de contaminação, tido como um dos principais fatores de risco.
“A gente está ouvindo falar cada vez mais de oportunidades de vacinas. Isso mostra que a coisa toda está sendo resolvida”, afirmou Álvaro Villa, economista da Messem Investimentos.
Outro fator que voltou a animar os investidores foram os processos de reabertura das principais economias do mundo. Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York (NYSE) realizou, hoje, o pregão presencial depois de dois meses. A reabertura da NYSE teve a presença do governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo. Por lá, o S&P 500 subiu 1,23%.
Destaques:
Na bolsa, as ações da Magazine Luiza subiram 6,75%, após a divulgação do balanço do primeiro trimestre. Apesar de ter registrado prejuízo líquido de 8 milhões de reais, a companhia mostrou a força de seu e-commerce. No período, marcado pelo início da quarentena, as vendas online da companhia cresceram 72,6%, representando mais de 50% das vendas totais.
A empresa também apresentou alguns dados referentes aos meses de abril e maio, quando atingiu resultados ainda mais expressivos no comércio digital. Segundo a Magazine Luiza, o e-commerce cresceu 138% em abril e 203% em maio (até o dia 20).
"A Magazine Luiza está sendo um dos grandes destaques entre os players do mercado durante o período da quarentena. Isso porque a companhia já possuía um sistema digital bastante desenvolvido e integrado com o meio físico", escreveu, em relatório, Luis Sales, analista de empresa da Guide Investimentos.
Na esteira dos resultados do Magalu, os papéis de outras companhias com plataformas de vendas digitais desenvolvidas também tiveram forte valorização. As ações da B2W, das marcas Americanas.com e Submarino, por exemplo, subiram 9,18%. O ativo é o que mais sobe no entre os componentes do Ibovespa, acumulando alta de 51,77% no ano.
Por outro lado, as ações da varejista Lojas Renner, com maior dependência de lojas físicas, lideraram as perdas do Ibovespa, recuando 5,5%.
Entre os grandes bancos, maiores responsáveis pela queda do índice, a maior desvalorização ficou com os papéis do Bradesco, que recuaram 4,33%. Itaú, Banco do Brasil e Santander caíram 3,96%, 2,25% e 3,23%, respectivamente