B3: Ibovespa sobe com ajuda dos papéis da Vale (Cris Faga/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 14 de julho de 2020 às 17h26.
Principal índice de ações da bolsa brasileira, o Ibovespa retomou os 100.000 pontos, nesta terça-feira, 14, com ajuda da ação da Vale – maior com peso de 10,6% no índice - que disparou mais de 7%, após a China reportar o maior volume de importação de minério de ferro em 33 meses ao registrar a entrada de 101 milhões de toneladas da commodity em junho. Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume é cerca de 35,25% superior.
O Ibovespa subiu 1,77% e encerrou em 100.440,23 pontos, enquanto os papéis da Vale avançaram 7,03% para 61,70 reais – maior cotação desde máxima de outubro de 2018. Na bolsa chinesa de Dalian, onde o futuro do minério de ferro é negociado, a commodity subiu mais 2,4%, encerrando próximo da marca de 120 dólares por tonelada.
“Quanto mais tempo acima de 100 dólares, mais as estimativas do segundo semestre são revisadas para cima, mais geração de caixa tem a empresa e mais rápido ela volta a pagar seus dividendos”, afirmou Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.
O cenário externo positivo, com a esperança dos investidores de que a safra de balanço seja melhor do que a esperada, também contribuiu para que a bolsa brasileira voltasse aos 100.000 pontos.
Com as atenções dos investidores globais voltadas para os balanços das maiores empresas dos Estados Unidos, o resultado do segundo trimestre do JPMorgan ajudou a sustentar o clima positivo. Isso porque, embora tenha caído 51% no período, a queda do lucro líquido do banco foi menor que o esperado. A expectativa do mercado era de que o JPMorgan reportasse lucro por ação de 1,08 dólar, mas ficou em 1,38 dólar.
“O resultado do JPMorgan ficou acima das expectativas, mas o cenário lá fora ainda é muita volatilidade. Esse segundo trimestre, que foi o mais afetado pela pandemia, é de escuridão total”, disse Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos.
Na véspera, o resultado da Pepsico também ficou acima das expectativas, dando maior ânimo aos investidores. No entanto, os índices americanos viraram para queda, pressionados pela medida do governo da Califórnia e pela escalada de tensões sino-americana, após o governo Trump interferir em disputas territoriais sobre o Mar Meridional da China. O tom negativa teve impacto direto no Ibovespa, que perdeu os 100 mil pontos.
O avanço do coronavírus ainda mantém doses de cautela no mercado, tendo em vista que a Flórida reportou, nesta terça, recorde de mortes diárias no estado: 132 em um único dia. Investidores que a volta de medidas de isolamento adotadas pela Califórnia sirva de exemplo para outros estados americanos, que ainda vivem a pior fase da doença.
Pela manhã, no cenário interno, as atenções se voltaram para o IBC-Br. Conhecido como prévia do PIB, o índice de atividade econômica do BC de maio teve alta de 1,3%, confirmando as expectativas de que o pior já ficou para trás.
“Dentre os setores, o comércio varejista é aquele que está recuperando o nível de atividade mais rápido e deve continuar se beneficiando das medidas de auxílio de emergência”, analisa Arthur Mota, economista da Exame Research.
Na bolsa, foram justamente as varejistas que lideram as maiores altas nos primeiros negócios do dia, com as ações da Via Varejo chegando a subir mais de 4%.