Ibovespa cai mais de 1% com exterior negativo, mas fecha semana no azul
Ações da B2W são destaque positivo e sobem em véspera de mudança de código na B3; papel passará a ser negociado com o ticker AMER3 a partir de segunda
Beatriz Quesada
Publicado em 16 de julho de 2021 às 17h25.
Última atualização em 16 de julho de 2021 às 18h04.
O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira, 16, em queda de 1,18%, aos 125.960 pontos, acompanhando os índices dos Estados Unidos. Vale lembrar que o dia foi de v encimento de opções sobre ações, o que traz volatilidade para o pregão.
Apesar da forte queda de hoje, o principal índice da B3 conseguiu fechar a semana em alta de 0,4% amparado pelas altas do início da semana, com as mudanças na reforma tributária. Entre os pontos mais caros ao mercado, foi mantida a isenção fiscal aos fundos de investimento imobiliários (FIIs).
O desempenho desta sexta foi contaminado pelo mau humor das bolsas internacionais, com investidores digerindo os últimos dados da economia americana. Divulgados nesta manhã, os dados de vendas do varejo americano tiveram uma alta inesperada, com os dados de junho revelando crescimento de 0,6% ante expectativa de uma contração de 0,4%.
"A notícia é boa. Mas sempre temos de tomar cuidado, já que muitas vezes notícias boas apontam para uma possível elevação dos juros nos Estados Unidos, e assim os mercados caem na esteira [ da expectativa ] de juros maiores", comenta em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Após a divulgação dos números, os rendimentos dos títulos americanos chegaram a acelerar, subindo mais de 2%. Já as bolsas abriram em alta nos Estados Unidos, mas logo entraram em movimento de queda. O Dow Jones caiu 0,86%, o S&P 500 registrou queda de 0,75% e o Nasdaq teve perdas de 0,8%.
Os temores de inflação, a propósito, derrubaram a confiança do consumidor americano na recuperação econômica dos Estados Unidos. A Universidade de Michigan informou nesta sexta-feira que seu índice preliminar de confiança do consumidor caiu para 80,8 na primeira metade deste mês — o menor patamar desde fevereiro — ante leitura final de 85,5 em junho. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o índice subisse para 86,5.
Além dos dados americanos, estiveram no radar dos investidores as preocupações sobre a disseminação da variante delta do coronavírus, que levou diversos países a reforçar as medidas de proteção contra o vírus, incluindo os Estados Unidos. "A preocupação é de que a delta diminua o ritmo das reaberturas e da retomada econômica", diz Yuri Cavalcante, sócio da Aplix Investimentos.
Acompanhando a piora das bolsas internacionais, o dólar ganhou força contra moedas emergentes e desenvolvidas. No Brasil, a moeda americana registrou leve alta de 0,01%, encerrando a sessão negociada a 5,115 reais.
No cenário doméstico, outro ponto de atenção foi a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, que aumentou o fundo eleitoral de 1,8 bilhão para 5,7 bilhões de reais. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro segue internado após ser diagnosticado com obstrução intestinal.
Destaques da bolsa
Na bolsa, as ações da B2W (BTOW3) lideraram as altas, subindo 4,15%. Na segunda-feira, 19, o ticker da empresa — que está em processo de fusão com aLojas Americanas (LAME4) — passará a ser AMER3. As ações LAME4 subiram 1,51%, figurando entre as maiores altas do índice.
Ainda no varejo, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) voltaram a se apreciar, após terem valorizado 3,45% na véspera, com o anúncio da compra da KaBum! e de planos de expansão. Neste pregão, os papéis subiram 0,76%.
Outro destaque do pregão, as ações da Sabesp (SBSP3) avançaram 2,12%, refletindo o aval do governo do estado de São Paulo para a captação de 500 milhões de dólares para investimentos.
“O financiamento é positivo para a companhia, já que a linha de crédito internacional possui taxas acessíveis e os recursos permitirão que a Sabesp continue a investir em seu crescimento orgânico”, avaliam, em nota, analistas da Ativa Investimentos.
Por outro lado, ações com os maiores pesos do Ibovespa fecharam o dia negociadas em queda, pressionando o índice para baixo. Com a maior participação, as ações da Vale (VALE3) caíram 1,8%, mesmo com a valorização do minério de ferro na China.
Os papéis da mineradora acompanharam o sentimento de cautela que se instalou após dados fracos sobre a confiança do consumidor americano na recuperação dos Estados Unidos. Se a retomada arrefecer, a demanda por minério de ferro deve cair. Os papéis de siderúrgicas também sofreram, com a CSN (CSNA3) caindo 3,46%, entre as maiores perdas do dia.
A maior queda do pregão foi a das ações da Embraer (EMBR3), que caíram 4% em um movimento de realização de lucros após o papel registrar alta acumulada de mais de 100% em 2021. Ontem, sua subsidiária Eve e a EDP Brasil (ENBR3) assinaram um acordo de pesquisa para desenvolvimento de projetos de infraestrutura para aplicação comercial de seus "carros voadores", os eVTOLs.
Maiores altas | Maiores quedas | |||||
B2W | BTOW3 | 4,15% | Embraer | EMBR3 | -4,00% | |
Sabesp | SBSP3 | 2,12% | CSN | CSNA3 | -3,46% | |
Marfrig | MRFG3 | 1,56% | Azul | AZUL4 | -3,23% |