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Ibovespa cai 3,9% com receios políticos e acordo da Odebrecht

Os receios foram ampliados perto da reta final do pregão por notícias de que a Odebrecht começou a assinar acordo de colaboração com a Lava Jato

Bovespa: a perda foi a maior desde 2 de fevereiro (-4,87%) (Nacho Doce/Reuters)

Bovespa: a perda foi a maior desde 2 de fevereiro (-4,87%) (Nacho Doce/Reuters)

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Reuters

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 20h09.

São Paulo - O mercado acionário brasileiro encerrou o primeiro pregão de dezembro com a maior queda em 10 meses, em meio à cautela com o cenário político doméstico e receios com notícias sobre acordo de leniência da Odebrecht.

O Ibovespa caiu 3,88 por cento, a 59.506 pontos. A perda foi a maior desde 2 de fevereiro (-4,87 por cento).

O último mês do ano começou com volume financeiro elevado, somando 11,9 bilhões de reais, acima da média diária para o ano até a véspera, de 7,37 bilhões de reais.

As inquietações no campo político, em meio à aprovação de texto desconfigurado na Câmara dos Deputados de medidas contra corrupção, dias após a crise que culminou com mais uma baixa na equipe do presidente Michel Temer, voltaram à tona nesta sessão.

Os receios foram ampliados perto da reta final do pregão por notícias de que a Odebrecht começou a assinar acordo de colaboração com os procuradores da operação Lava Jato.

O mau humor foi predominante na sessão que iniciou o dia pressionada ainda por uma nova fase da operação Zelotes, com a Polícia Federal investigando suspeitas de manipulação de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), tendo entre os alvos o Itaú Unibanco e o BankBoston.

Destaques

- ITAÚ UNIBANCO caiu 4,57 por cento tendo no radar a nova fase da operação Zelotes e após a alta da véspera, de quase 2 por cento. BRADESCO PN perdeu 5,58 por cento.

- PETROBRAS PN teve baixa 3,5 por cento, enquantoPETROBRAS ON recuou 1,41 por cento, cedendo ao mau humor da sessão e anulando os ganhos vistos mais cedo, quando as altas chegaram a 2,2 por cento e 3,6 por cento, respectivamente. A forte valorização das ações na véspera também abriu espaço para um movimento de realização, apesar de nova alta nos preços do petróleo. Na quarta-feira, as ações PN avançaram 9,14 por cento, enquanto as ON tiveram alta de 10,6 por cento.

- NATURA teve desvalorização de 11,76 por cento, a maior perda do Ibovespa, com operadores citando que o cenário político conturbado deteriora a perspectiva de melhora na economia, pressionando ações de setores como varejo e consumo. PÃO DE AÇÚCAR caiu 7,23 por cento. Na véspera, o presidente de uma das principais rivais da Natura, Boticário, afirmou que o consumo dos brasileiros ainda está fraco.

- CYRELA REALTY teve perda de 4,29 por cento, enquanto MRV caiu 4,84 por cento, em sessão de alta nas taxas de juros futuros, o que pressiona o setor de construção.

- VALE PNA cedeu 0,98 por cento, enquanto VALE ON subiu 1,46 por cento, com os papéis perdendo o fôlego perto da reta final do pregão, contaminados pelo mau humor geral. Na máxima da sessão, as ações PNA subiram 5,04 por cento, em sessão marcada pela alta nos preços do minério de ferro na China, após duas quedas seguidas.

- EMBRAER avançou 2,11 por cento, liderando as poucas altas do Ibovespa, em sessão de alta no dólar ante o real. A sessão teve ainda a elevação da recomendação do BTG Pactual para os ADRs da fabricante brasileira de aviões para "compra", ante "neutra".

- FIBRIA fecha o grupo de três altas da sessão. O papel avançou 1,74 por cento. A empresa anunciou mais perto do final do pregão elevação nos preços da celulose vendida nos Estados Unidos e Europa a partir de 1o de janeiro.

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