Mercados

Grau de nervosismo no Bank of America é o maior desde a crise de 2008

A única coisa que o estrategista David Woo, famoso pelo pessimismo, sabe é que a volatilidade dos mercados será grande no ano que vem

Fachada do banco: conflitos no acordo entre China e EUA e pessimismo nos países emergentes formam um cenário ruim para 2019 (Davis Turner/Getty Images)

Fachada do banco: conflitos no acordo entre China e EUA e pessimismo nos países emergentes formam um cenário ruim para 2019 (Davis Turner/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 15 de dezembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 15 de dezembro de 2018 às 07h00.

Famoso pelo pessimismo, David Woo diz que não chegaria nem perto dos mercados emergentes.

O estrategista do Bank of America não ficava tão preocupado com a volatilidade global – especialmente nos países em desenvolvimento – desde a crise financeira de 2008. Na visão dele, o fato de o Partido Democrata ter formado maioria na Câmara de Deputados enfraquecerá o poder do presidente Donald Trump na esfera comercial, diminuindo a chance de acordo com a China, além de desencadear uma briga em torno do teto da dívida pública.

"Teremos ao mesmo tempo um déficit orçamentário de US$ 1 trilhão, uma enorme briga por causa do teto da dívida, impasse político e desaceleração da economia dos EUA", disse ele em entrevista realizada em Nova York. "Isso me deixa muito nervoso."

As bolsas de países emergentes entraram em território pessimista neste ano, enquanto a escalada da tensão entre Pequim e Washington provoca fuga dos ativos de risco. No fim de semana, o vice-ministro de Relações Exteriores da China convocou o embaixador dos EUA para protestar a prisão da diretora financeira da Huawei Technologies, o que é outro agravante no embate entre as duas maiores economias do mundo.

Woo também fez as seguintes considerações:

Comércio internacional

* "O mercado começou a se dar conta de que esse assunto não vai sumir tão cedo."* "Quer comprar ativos de mercados emergentes? Eu não chegaria nem perto dos emergentes até haver uma solução entre EUA e China."* "Quem fez hedge contra o G-20 provavelmente está vendido em yuan. Então na segunda-feira, após sair a notícia, houve muita reversão de posições vendidas. Não acho essa movimentação no preço tão importante."* "Até agora, Pequim tomou cuidado para não entrar em uma situação irreversível, mas talvez lentamente chegue o ponto em que fazer concessões ficará mais difícil para as autoridades chinesas. Não há dúvida de que as concessões desejadas pela Casa Branca, que até podem ser legítimas, envolvem propriedade intelectual. E isso está muito complicado."

Banco central dos EUA

* "Adoro essa formação do Fed (Federal Reserve). Tenho muito respeito pelo (presidente) Jay Powell."* "Há alguns meses ele falou algo que me impressionou. Se quiser saber o que vamos fazer em seguida, não escute o que falamos, olhe somente para os dados. Ele está dizendo que o Fed não sabe muito mais sobre a perspectiva econômica do que você, eu ou qualquer pessoa."* "Acho que ele será mais um gestor de risco, como (o ex-presidente do BC Allan) Greenspan."* Woo elogiou o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, quanto ao entendimento dos mercados globais devido a sua experiência passada como economista internacional.

Riscos em 2019

* Em 2011, "a estratégia de levar uma situação perigosa ao limite literalmente colocou o país à beira do calote e culminou na perda da nota de crédito AAA. Naquele ano houve mais volatilidade do que nunca. Acho que 2019 pode ser um pouco pior."* "A única coisa que eu sei é que a volatilidade será grande no ano que vem."

Acompanhe tudo sobre:Açõesbank-of-americaEstados Unidos (EUA)Guia de AçõesMercado financeiro

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado