Goldman Sachs recomenda vender ação do Banco Inter e vê preço menor
Avaliação veio na mesma semana em que a Fitch elevou a nota de crédito do banco mineiro
Tais Laporta
Publicado em 13 de novembro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 13 de novembro de 2019 às 08h00.
Um sólido crescimento, mas com muitos riscos à frente. Foi com essa avaliação que o Goldman Sachs iniciou a cobertura das ações do Banco Inter ( BIDI4 ) esta semana. A equipe do banco recomendou a venda dos papéis ao fixar o preço alvo de 11 reais pelo ativo – o que corresponde a uma queda de 28,5% em relação ao valor da última sexta-feira (12). Em 2019, a ação acumula valorização de 122%.
Enquanto isso, o banco avalia outros pares do setor com uma redução no preço-alvo da ordem de 1%. Segundo os analistas Tito Labarta, Jonathan Uriel Schajnovetz e Ashok Sivamohan, o Inter incrementou sua base de clientes para 3,2 milhões e teve uma forte captação na última oferta de ações, de 1,2 bilhão de reais, mas faltam bases para justificar o preço atual da ação.
"Enquanto estamos otimistas com a projeção de crescimento do banco, consideramos que o desafio será efetivamente rentabilizar sua base de clientes para justificar o atual valor das ações", concluíram os analistas em relatório a clientes.
Ação cara demais?
O Goldman ressaltou que a estimativa para o banco digital em 2020 é de um múltiplo (relação entre o preço da ação e o lucro) de 66 vezes. Mesmo ajustando a um sólido crescimento esperado para daqui a cinco anos, a ação ainda vai operar com um prêmio em relação a outros pares do setor bancário, concluiu o banco.
O Inter viu suas ações caírem mais de 6% após divulgar um lucrode 11,82 milhões de reais no terceiro trimestre – resultado 38% inferior ao mesmo período do ano passado, com investidores também preocupados com a capacidade do banco de monetizar sua crescente base de clientes. Nesta terça-feira, a ação recuava 6,32%, negociada em 14,10 reais, por volta das 17h.
Nota de crédito elevada
Após divulgar seus resultados no terceiro trimestre e lançar o próprio superapp, o Inter teve sua nota de crédito elevada pela agência de avaliação de risco Fitch na segunda-feira (11). O rating do banco subiu de‘BBB+(bra)’ para ‘A-(bra)’, com perspectiva estável. Segundo a agência, o resultado reflete a estratégia do em expandir sua franquia e o modelo de negócios.
A agência citou como justificativa para a decisão uma maior diversificação de ofertas de produtos, ampla posição de liquidez, independência na distribuição dos produtos de captação e sólidos índices de capitalização. A Fitchdestaca ainda o forte crescimento dos depósitos à vista nos últimos anos — aumento de 213% em relação a setembro de 2018 —, o que tem contribuído não só́ para a redução dos custos de captação, mas também para o incremento das receitas de floating. Além daFitch, a S&P também classifica o banco como AA- desde julho de 2018.