Mercados

Goldman diz que commodities não vão repetir o colapso de preços de 2015

Para o banco, maioria dos setores será rentável, sustentada por balanços melhores e pela disciplina na oferta, que permite utilizar uma capacidade maior

Aço: banco reduziu a projeção para 2019 do material, mas acredita que queda tem limites (Muyu Xu/Reuters)

Aço: banco reduziu a projeção para 2019 do material, mas acredita que queda tem limites (Muyu Xu/Reuters)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 16 de dezembro de 2018 às 07h00.

O atribulado setor de commodities da China escapará de um colapso dos preços ao estilo de 2015, segundo o Goldman Sachs, para quem os produtores do maior fornecedor do mundo estão em melhor posição para lidar com a queda da demanda em todas as frentes.

Após três anos de alta dos preços, o setor de materiais básicos da China “será testado novamente no próximo ano”, escreveram analistas, incluindo Trina Chen, em nota enviada por e-mail. O banco reduziu a projeção para 2019 de materiais como aço, cobre e alumínio citando uma demanda industrial pior do que a esperada. No caso do aço, o Goldman prevê queda de quase 5 por cento da demanda.

“No entanto, não achamos que será outro 2015 porque projetamos que a maioria dos setores será rentável, sustentada por balanços melhores e pela disciplina na oferta que protege a utilização de uma capacidade estruturalmente maior”, escreveram.

A referência a 2015 tem a ver com o temor de que a desaceleração da demanda chinesa possa desencadear o mesmo nível de queda dos preços que deixou as empresas de commodities em crise no fim daquele ano. A ampla recuperação desde então tem sido auxiliada não apenas pela recuperação dos investimentos em propriedades e infraestrutura, mas também pelo fechamento de unidades produtoras e por reformas da oferta que devem fazer com que a produção se ajuste mais rapidamente às mudanças na demanda.

O banco tem se mostrado amplamente positivo em relação às commodities industriais nos últimos meses, argumentando que a guerra comercial da China com os EUA afetou mais o sentimento do que a demanda real. Em agosto, o Goldman afirmou que as ações das siderúrgicas chinesas poderiam subir até 70 por cento no caso da maior produtora, a Baoshan Iron & Steel, devido às expectativas de cortes de oferta no inverno e de gastos com infraestrutura.

O relatório do Goldman, intitulado “2019 outlook: challenged, retested, repriced” (“Projeção 2019: contestada, retestada, reavaliada”), disse também que:

- os investimentos menores do governo local em infraestrutura serão o maior fator individual para a queda da demanda pelo aço, respondendo por cerca de dois terços do enfraquecimento;

- o banco prevê queda de 6,9 por cento em novas áreas em construção, queda de 2,3 por cento na produção de eletrodomésticos e redução de 10 por cento em máquinas-ferramentas;

- a demanda por cobre, alumínio, papel e carvão se manterá estável em relação a 2018;

- do ponto de vista de ações, o Goldman prefere siderúrgicas, seguidas de empresas dos ramos de carvão e cimento;

- o banco continua recomendando a compra da Baoshan, mas reduz meta para 12 meses de 13,5 yuans para 10 yuans. Último preço de negociação da empresa foi de 6,85 yuans.

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesGoldman SachsMercado financeiro

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado