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GOL prepara emissão recorde

Companhia está se preparando para tirar proveito da baixa recorde nos seus custos de empréstimos para recomprar dívida

Avião da GOL Linhas Aéreas manobra na pista do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

Avião da GOL Linhas Aéreas manobra na pista do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2014 às 18h13.

São Paulo - Há um ano, a GOL Linhas Aéreas Inteligentes era uma das empresas do Brasil mais distressed. Agora, a maior companhia aérea do país está se preparando para tirar proveito da baixa recorde nos seus custos de empréstimos para recomprar dívida.

A GOL pretende usar a venda de até US$ 500 milhões em bonds para recomprar notas com vencimento em 2017, 2020 e 2023, disse a Standard Poor’s no dia 2 de setembro.

Os rendimentos sobre os US$ 300 milhões de dívida com vencimento em seis anos despencaram para 7,85 por cento, ou 6,27 pontos porcentuais abaixo da alta histórica atingida em setembro de 2013.

A companhia está planejando a maior oferta que já fez após as demissões e reduções de voos terem contribuído para reduzir mais da metade dos prejuízos dos dois últimos anos.

A GOL, que no mês passado informou que teve uma ocupação recorde de 81,2 por cento nos voos durante junho e julho, soma-se a empresas de todo o mundo que estão vendendo mais títulos agora, especulando que os custos para tomar empréstimos vão subir depois que o Federal Reserve dos EUA começar a aumentar as taxas de juros.

“A GOL tem constantemente reduzido capacidade, o que é o principal motor da reestruturação da companhia”, disse Brian Foster, analista da CreditSights, em entrevista por telefone de Nova York. “Agora é definitivamente um bom momento para eles emitirem”.

Os rendimentos das notas com vencimento em 2020 da empresa com sede em São Paulo estavam até 10,64 pontos porcentuais acima do que Treasuries comparáveis em setembro do ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os bonds que rendem 10 pontos porcentuais a mais do que os títulos do Tesouro dos EUA geralmente são considerados distressed.

‘Todo o sentido’

A GOL, que pode emitir as notas já na semana vem, não quis comentar os planos de venda de dívida e o desempenho dos bonds, de acordo com sua assessoria de imprensa.

Esta seria a primeira venda desde que a GOL emitiu US$ 200 milhões em fevereiro de 2013, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A empresa contratou BB Securities, Bradesco BBI, Citigroup, Morgan Stanley e Banco Santander para organizar reuniões com investidores entre os dias 3 e 9 de setembro, disse uma fonte que solicitou anonimato porque não tem autorização para falar publicamente sobre o assunto.

No dia 13 de agosto, a GOL disse que seu prejuízo líquido encolheu para R$ 174 milhões (US$ 77 milhões) no segundo trimestre, frente a R$ 450 milhões de um ano atrás.

Durante o mesmo período de 2012 a empresa perdeu R$ 715 milhões. A receita líquida aumentou para R$ 2,4 bilhões, superando as estimativas de R$ 2,2 bilhões dos analistas.

“Faz todo sentido a companhia vir a mercado, já que os resultados têm melhorado constantemente ao longo dos últimos dois anos”, disse Revisson Bonfim, chefe de análise de mercados emergentes na Sterne Agee Leach em Nova York, por e-mail.

“Agora é um ótimo momento para a emissão da Gol”.

Renascimento das emissões

A emissão de bonds corporativos nos EUA chegou a US$ 24,3 bilhões em 3 de setembro, que foi o dia mais agitado do ano. As vendas estão se recuperando após o mês de agosto mais lento desde 2008.

Nesta semana, o Brasil vendeu US$ 1,05 bilhão de dívida no exterior.

José Vértiz, analista da Fitch Ratings, disse que a GOL ainda enfrenta a pressão do aumento dos preços do combustível, que são definidos em dólares, e de um enfraquecimento do real.

Os custos da GOL aumentaram 20 por cento no segundo trimestre após um salto de 13 por cento nos preços do combustível, uma queda da moeda local e uma aceleração da inflação.

“No futuro, o espaço pequeno para aumentos de preços, o crescimento moderado do tráfego, a pressão dos preços dos combustíveis relativamente altos e a volatilidade do real devem ser vigiados de perto”, disse Vértiz por telefone, de Nova York.

No dia 26 de agosto, a S&P aumentou sua perspectiva de negativa para estável para a nota B da GOL, que está quatro níveis abaixo do grau de investimento, A decisão ocorreu duas semanas depois que a Moody’s Investors Service elevou sua própria perspectiva para a GOL para positiva, dizendo que ela pode aumentar a classificação da companhia, que é B3, a sexta classificação junk mais baixa.

Os bonds da GOL com vencimento em 2020 deram um retorno de 26,31 por cento neste ano, mais de três vezes a média dos mercados emergentes.

“Na realidade, a performance dos bonds está acompanhando o desempenho operacional”, disse Bonfim, da Sterne Agee. “Eles fizeram a lição de casa e estão aproveitando a tendência positiva”.

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