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Gestor supera 60% de rentabilidade com BDRs e vê espaço para novas altas

Com busca por internacionalização, fundo da Western Asset cresce 400% no ano e número de cotistas passa de 2.000 para quase 60.000

Maurício Lima: gestor de portfólio Western Asset no Brasil (Divulgação/Divulgação)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 08h32.

Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 09h52.

Enquanto grande parte dos fundos brasileiros ainda não conseguiram se recuperar das fortes perdas provocadas pela pandemia, o Western Asset BDR nível I já acumula mais de 50% de rentabilidade neste ano e, se depender de seu gestor, Maurício Lima, ainda há espaço para mais. Até o encerramento desta entrevista, a rentabilidade do fundo já encostava nos 60%.

Desde que foi criado, em 2014, o fundo de BDRs da Western Asset acumula alta de 468%, tendo perdido para o Ibovespa somente em 2016, quando o índice teve seu melhor desempenho dos últimos 10 anos. Com seus investimentos são atrelados ao dólar e buscam bater o S&P 500 em reais, naquele ano, um dos principais fatores que derrubaram o desempenho do fundo foi a queda da moeda americana, que teve desvalorização de 17,7% contra o real.

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Neste ano, a alta do dólar, que já acumula 37,8% de valorização, e a queda de juros formaram o cenário perfeito para que o fundo que investe no mercado americano deslanchasse. Do início de 2020 até meados de agosto, o patrimônio do fundo havia aumentado cerca de 400% para 1,5 bilhão de reais e o número de cotistas foi de 2.000 para quase 60.000.

Com a estratégia de investir em companhas líderes do mercado e, ainda assim, com grande potencial de crescimento, a escolha por empresas de tecnologia veio de forma natural, mesmo antes a crise ter acelerado as transformações no segmento. E embora, nesta semana, a Apple tenha sido a primeira empresa da história a bater os 2 trilhões de dólares de valor de mercado e o índice Nasdaq venha de recordes sucessivos, Lima ainda vê espaço para novas altas.

Confira a entrevista:

O fundo teve um crescimento surpreendente do patrimônio líquido. O sr. atribui isso à internacionalização dos investidores brasileiros?

Com a queda da taxa de juros, tem um movimento claro de migração para alternativas de investimentos com mais risco, de investidores buscando diversificação. E na busca por mais risco tem duas opções: mais do mesmo risco ou mais de risco diferente e mais risco diferente é sempre melhor. Quando vai para o exterior a fonte de valor não tem relação com o que está ocorrendo no Brasil. Se o investidor tem um fundo de BDRs traz para dentro do portfólio uma exposição cambial, que pode funcionar de contrapeso para os ativos locais atrelados ao risco Brasil. Em um momento de aversão a risco, o câmbio anda e dá proteção para o restante do portfólio.

Como é a estratégia de investimento do fundo?

A gente tem parceria com a Clearbridge, que uma irmã da Western Asset especializada em renda variável, com 150 bilhões de dólares sob gestão. Nessa parceria, eles nos dão suporte na gestão desse portfólio através do time de research deles. E isso tem dado bem certo ao longo do tempo, com resultados consistentes e recorrentes. Mesmo nesse ano, bastante atípico, de movimentos muito negativos ou positivos, conseguimos continuar adicionando valor à nossa estratégia. Procuramos montar um portfólio bem diversificado, balanceado a exposição em diversos setores. Isso é algo bem importante para o pequeno investidor, agora com a liberação das BDRs. É importante diversificar para não ficar exposto aos riscos específicos de uma empresa. Se ficar muito concentrado, pode ter problemas.

Na última amostra disponível da carteira, vocês tinham 32% doportfólioem empresas de tecnologia. Vocês aumentaram a alocação nesse setor devido à pandemia?

A gente já vinha com maior alocação em tecnologia por terem um peso significativo no mercado americano. Nosso objetivo é adicionar valor por meio de empresas de grande porte, com potencial de crescimento. E entre os setores da bolsa americana, o de tecnologia se destaca. Mas a pandemia acabou acelerando esse processo de geração de resultado e crescimento, que a gente já via antes como interessante.

A Apple acabou de bater 2 trilhões de valor de mercado e o índice Nasdaq vem batendo recordes consecutivos. Ainda há um bom potencial de valorização?

Boa parte do ganho potencial está refletido no preço. Mas a gente continua vendo espaço para continuarem performando bem, mas não por questões específicas da pandemia. Essas empresas [de tecnologia] estão migrando para o fornecimento de serviços em nuvem, assinaturas. Todas elas estão fazendo essa migração, que foram aceleradas na pandemia, mas não alteradas.

Alguns gestores afirmam que há uma bolha no mercado americano, tendo em vista que o S&P 500 sobe há mais de dez anos e voltou a bater máxima histórica nessa semana mesmo em meio à pandemia. Isso acende um sinal de alerta?

Claro que o S&P andou bastante, mas não sem fundamento. Tirando o período da crise, a economia americana vem apresentando crescimento bastante robusto. Vinha crescendo muito mais que o Brasil. Aqui teve processo de impeachment, fatídicos meses de maio, coisas que a economia americana não enfrentou. Lá, o nível de taxa de juros está em 0%, a economia é muito mais dinâmica que a brasileira, com mais produtividade, maior capacidade de geração de resultado que as empresas brasileiras. Acho que a alta no mercado americano não foi sem fundamentos, foi baseada em resultados, tanto que terminou a temporada de balanços [do segundo trimestre] surpreendendo positivamente. Isso vem corroborando com a sustentação da bolsa nesses níveis.

As eleições americanas estão se aproximando, com o candidato democrata Joe Biden cada vez mais à frente do presidente Donald Trump. Como isso pode impactar o mercado?

A volatilidade no cenário eleitoral americano é sempre menor do que com as nossas eleições. As últimas duas foram bem turbulentas por aqui, enquanto por lá, o Biden é considerado moderado. Claro que tem diferenças de perspectivas em relação aos republicanos. Mas é importante ter em mente que as instituições por lá são muito fortes. Acho que depende um pouco se os democratas vão conseguir ter o controle no Senado para conseguir aumento de gastos.

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