O investidor ainda falou que, mesmo com a manutenção do euro, "a Europa passará por período semelhante ao vivido pela América Latina após a crise de 1982" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2012 às 17h00.
Paris - O investidor bilionário e filantropo americano George Soros afirmou, em entrevista ao jornal francês Le Monde nesta quarta-feira, que apostaria contra o euro e acredita na possibilidade da Europa passar por um período de grandes dificuldades no caso da moeda única sobreviver à crise.
"A crise do euro ameaça destruir a União Europeia e os dirigentes do velho continente estão levando a Europa à ruína", disse o investidor na mesma linha do seu último livro, "Le chaos financier mondial" (O caos financeiro mundial, em livre tradução).
Soros, que fez fortuna com a derrocada da libra esterlina em 1992, ao apostar contra a moeda britânica cerca de US$ 10 bilhões, informou que, embora aposentado, 'se tivesse de investir', apostaria contra a moeda comunitária. "A introdução do euro criou mais divergências que convergências".
Segundo a opinião do americano de origem húngara, as nações da zona do euro que passam por crises mais agudas se encontram na condição de países de terceiro mundo que contraíram empréstimos em divisa estrangeira. O investidor ainda falou que, mesmo com a manutenção do euro, "a Europa passará por período semelhante ao vivido pela América Latina após a crise de 1982 e ao Japão, estagnado há 25 anos".
Para o bilionário, embora o Banco Central Europeu (BCE) tenha tomado medidas bem sucedidas como o empréstimo a bancos, os dirigentes da região adotaram as mudanças 'tarde demais'.
Há ainda as medidas do Bundesbank (banco central alemão) que caminham em sentido contrário. 'O banco alemão empurra à Europa à deflação porque é impossível reduzir a dívida afundando o crescimento', falou Soros.
Na reta final do pleito presidencial francês, disputado em primeiro e segundo turno, neste domingo e no dia 6 de maio, respectivamente, Soros indicou que, se François Hollande for eleito, será difícil se afastar da linha alemã. 'Questionar a ortodoxia financeira dos alemães poderia expor o país a um ataque dos mercados', concluiu o americano que considera a França em situação precária.