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Futuros mostram apoio de operadores aos que discordam do Copom

Diferença entre taxas dos contratos de DI com vencimento em julho deste ano e em janeiro de 2021 aumentou 18 pontos-base só na segunda-feira

Reunião do Copom: BC já afirmou que inflação na meta de 4,5% ficou para 2012 (Agência Brasil)

Reunião do Copom: BC já afirmou que inflação na meta de 4,5% ficou para 2012 (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2011 às 08h31.

Brasília/Nova York - A decisão do Comitê de Política Monetária de desacelerar os aumentos de juros abalou a confiança de investidores na capacidade do Banco Central de conter a inflação, de acordo com os negócios no mercado de juros futuros.

A diferença entre as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro com vencimento em julho deste ano e em janeiro de 2021 aumentou 18 pontos-base ontem -- a maior em quase três meses -- para 68, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A diferença mostra que, para os operadores de renda fixa, a desaceleração dos aumentos na taxa Selic na semana passada vai contribuir para que a inflação fique acima do centro da meta de 4,5 por cento, forçando o presidente do BC, Alexandre Tombini, a continuar as altas de juros mais tarde.

A alta da Selic em 25 pontos-base para 12 por cento veio após o aumento de 100 pontos-base nas duas reuniões anteriores do Copom, com o objetivo de frear a inflação que chegou a uma taxa anualizada de 6,4 por cento, a mais elevada em 29 meses. Países em desenvolvimento como China e Chile lutam para conter a alta de preços, embalada por um salto de 30 por cento nas commodities nos últimos 12 meses. Dois dos sete integrantes do Copom votaram por um aumento de 50 pontos-base na Selic, marcando a primeira divisão no comitê em 13 meses.

“O que o mercado pode estar nos dizendo é que, como o Banco Central não está subindo tanto quanto esperado, eles estão começando a cobrar um pouco de prêmio de inflação”, disse Vitali Meschoulam, estrategista-chefe para América Latina do Morgan Stanley, em entrevista de Nova York.


Spread maior

A diferença entre os rendimentos dos títulos atrelados à inflação e dos bônus prefixados com vencimento em 2017 -- que indica a expectativa dos investidores para a inflação nos próximos seis anos -- aumentou 17 pontos-base para 6,36 pontos percentuais desde a posse da presidente Dilma Rousseff e de Tombini, em 1 de janeiro, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Dilma disse ontem em Brasília que o governo está “imensamente” preocupado com a inflação. Em comunicado enviado por e-mail, o BC afirmou que não comenta movimentos do mercado.

A alta de 25 pontos-base na Selic em 20 de abril para o maior patamar em dois anos surpreendeu a maioria dos 58 economistas consultados pela Bloomberg. Os operadores do mercado de juros futuros estavam divididos entre 25 e 50, com a maioria apostando em 25, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Meta adiada

No Relatório Trimestral de Inflação de 30 de março, o BC afirmou que os custos para trazer a inflação de volta ao centro da meta de 4,5 por cento este ano são “demasiado elevados” e se comprometeu a atingir o objetivo em 2012. A inflação em 12 meses a 6,4 por cento se aproxima do teto de tolerância da meta, de 6,5 por cento. O aumento de 25 pontos-base na Selic intensifica os receios de que a inflação fique perto de 6,5 por cento no ano que vem, disse Marcelo Salomon, economista-chefe para Brasil do Barclays Plc.

“Optar em subir os juros 0,25 ponto percentual em vez de 0,50 significa que o governo não está disposto a promover uma desaceleração da economia muito forte”, disse Salomon em entrevista por telefone de Nova York. “Se existe uma preocupação tão grande com a inflação, temos que ver sinais mais contundentes de política fiscal e monetária para arrefecer essa preocupação.”

Dilma anunciou em fevereiro um corte de R$ 50,7 bilhões no orçamento para ajudar a conter a inflação.

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