Frederico de Souza Lima, gestor dos fundos da Angá Asset (Anga/Exame)
Em época de Selic em 13,75%, os investidores brasileiros estão procurando ativos que consigam competir com a taxa básica de juros. E essa busca está se demonstrando cada vez mais complicada. Uma das alternativas mais interessantes é o crédito estruturado, como os FIDCs.
Investir nessa classe de ativos está permitindo boas oportunidades de ganho, especialmente se o investidor conseguir interceptar ativos com riscos assimétricos, ou seja com inadimplência previsível, baixo risco, mas, ao mesmo tempo, com uma estrutura de crédito que permita um ganho interessante.
"Nesse mercado, existem grandes assimetrias. E o nosso trabalho é conseguir reconhece-las e aproveitar dessas oportunidades", diz em entrevista à EXAME Invest Frederico de Souza Lima, gestor dos fundos da Angá Asset, casa que conseguiu uma rentabilidade de cerca de 500% com seus fundos desde 2016. No mesmo período, o Ibovespa subiu 107%.
Segundo Souza Lima, o crédito consignado é uma "garantia para o investidor brasileiro". "No Brasil já tivemos de tudo: impeachment, diferentes governos, guerra, Covid, entre outros, mas o consignado sempre se manteve muito estável. Essa é uma das características desse ativo, já que é descontado diretamente na folha de pagamento", diz o gestor.
Para ele, o objetivo é permitir que o investidor possa ter acesso a produtos estruturados que até pouco tempo atrás acabavam ficando sempre nas mãos de assets, mas mantendo, ao mesmo tempo, uma estabilidade nos investimentos. "A Angá surgiu em 2008, durante uma das maiores crises financeiras mundiais, focando na gestão de carteiras no meio dos FIDCs. Tivemos um longo aprendizado, e durante esse período construímos modelos para chegar na fórmula que consideramos muito positiva de risco-retorno", diz Souza Lima.
O gestor explica que o fundo compra carteiras de créditos consignado a servidores públicos da esfera federal de instituições de médio porte, que tem uma capacidade de originação destas carteiras de crédito maior que seu balanço permite e, então estruturam com estes ativos, os FIDCs com estes lastros
"É um negócios super trabalhoso, diferente das estratégias conhecidas de fundos multimercados que investem em ativos líquidos. A Angá investe em crédito que apresenta essa assimetria entre risco e retorno, e tenta capturar esse spread bancário através dessas estruturas", diz Souza Lima.
Atualmente a Angá possui quatro fundos de crédito estruturado:
O primeiro dedicado para investidores em geral, e os outros para investidores qualificados. E foi justamente esse último fundo que acumulou um ganho de 494% desde sua criação. Um resultado que representa 862% do CDI.
“O Angá Crédito Estruturado é um hedge fund de crédito, que se utiliza da securitização de carteiras de crédito para extrair ganhos compatíveis com fundos multimercados. O histórico de retorno do nosso principal produto é absolutamente extraordinário, principalmente se comparado com outras classes de ativos, como fundos multimercado de crédito, macro, que operam mercados mais líquidos, etc..", diz Souza Lima.
De olho nestes retornos, a Angá está atuando em um outro exemplo de lastro, mantendo a mesma estrutura de investimento: a securitização de carteira de financiamento de painéis fotovoltaicos
"Através de uma fintech a gente fornece o funding, ou seja, fornecemos o crédito para a pessoa colocar o painel fotovoltaico. Com isso, ela vai ter um benefício econômico imediato baseado na redução da conta de luz. Com isso, conseguimos ter um perfil de inadimplência bem mais comportado em relação a outras classes de créditos, bem mais nervosas, subjetiveis ao plano econômicos", diz Souza Lima.
“A chave para esse bom desempenho é a especialização. Somos especialistas em crédito estruturado, e isso nos permitiu construir portfólios com um risco-retorno extraordinário e com baixa correlação com os riscos macro-econômicos, políticos, sanitários que tanto afetaram os mercados nesse horizonte de tempo", conclui Souza Lima.