Investidor observa monitores com cotações de ações na BM&FBovespa: “investidor não deve se assustar, nem se animar demais com fortes desvalorizações”, diz André Moura (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2013 às 11h02.
São Paulo - Depois de três meses de queda vertiginosa do Índice Bovespa, que atualmente está na casa dos 54 mil pontos, muitos investidores podem pensar em comprar ações, aproveitando o momento “barato” do mercado. Mas, para o chefe da mesa de renda variável da corretora do banco HSBC, André Moura, no atual momento do mercado brasileiro, o melhor negócio é “fugir da tentação do ‘está muito barato’”.
Antes de sair comprando ações que tiveram forte desvalorização do fim do ano passado até agora, o investidor deve olhar com calma para as empresas em que pretende investir, explica Moura. “A análise não tem que ser feita pelo preço, e sim, pelo potencial que a empresa tem de reverter o quadro após uma fase ruim.”
Segundo ele, o raciocínio é correto, mas não é completo. Se o papel caiu muito, pode ser que esteja barato, e chega a hora de entrar. Mas o chefe da mesa do HSBC diz que é preciso ter critérios ao olhar para as ações de uma empresa. “O investidor não deve se assustar, nem se animar demais com fortes desvalorizações”, afirma.
Problemas de governança
Algumas ações que tiveram forte perda desde o fim de 2012, e que, portanto, estariam “baratas”, são de empresas sujeitas à ação do governo, seja intervindo diretamente na administração, seja por meio de decisões como o controle da inflação ou alterações regulatórias.
Segundo Moura, foi o que aconteceu com a Petrobras, que teve dificuldades para reajustar o preço dos combustíveis em meio à luta do governo para segurar a inflação, e as companhias do setor elétrico, punidas pelo mercado por causa das mudanças nas regras de renovação das concessões.
Ibovespa não decola
Esse cenário descrito pelo chefe da mesa de renda variável do HSBC afeta o desempenho de empresas cujas ações têm grande peso no Ibovespa, dificultando a arrancada desse índice. “É um dos fatores aos quais atribuímos o fato de a bolsa brasileira estar tão descolada dos mercados europeu e americano”, afirma. “O investidor estrangeiro cobra um prêmio maior para aplicar no nosso mercado, e o país não paga esse prêmio, por isso ficamos nessa situação inferior à que se passa lá fora.”
Estratégia do HSBC é jogar na defesa
Segundo Moura, a carteira atual de ações do HSBC tem como estratégia principal buscar setores defensivos. “Avaliamos papéis não apenas com histórico de rentabilidade, mas também de gestão da empresa, que tem que ser de referência”, diz.
Segundo ele, empresas voltadas para a economia doméstica, como Pão de Açúcar, Cosan, AES Tietê “têm gestão de referência e caráter defensivo”, e podem ser boas opções para os investidores. “No setor financeiro, também vemos boas oportunidades.” Essas são as principais recomendações da corretora do banco.
Entre as ações de grandes empresas, a Vale é uma das que Moura destaca. Apesar das oscilações que os papéis da mineradora vêm apresentando, sobretudo por causa do suspense em torno da discussão do marco regulatório do setor, as perspectivas são boas, segundo ele. “Achamos que é uma empresa com bons fundamentos, os papéis têm apelo para compra, apesar de sofrerem pelo excesso de exposição à economia Chinesa e às questões regulatórias.”