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Fraude do leite derruba ações de controladora da Parmalat

Preço inicial dos papéis fica 45% abaixo do previsto, permitindo à Laep captar apenas R$ 507,6 milhões do R$ 1 bilhão planejado

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h12.

A adulteração com soda cáustica e água oxigenada no leite produzido por fornecedores da Parmalat afugentou os investidores e derrubou a oferta pública de Brazilian Depositary Receipts (BDR, certificados que permitem a empresas estrangeiras terem acesso ao mercado acionário brasileiro) da Laep Investments, fundo de private equity que desde 2006 controla a alimentícia. O preço inicial dos papéis, que pela estimativa dos coordenadores da operação deveria ficar entre 11,50 reais e 15,50 reais, foi fixado em 7,50 reais, 35% abaixo do piso previsto e 45% aquém da média de preço com a qual a empresa trabalhava.

Com isso, a captação ficará restrita a 507,6 milhões de reais, quando a expectativa era levantar cerca de 1 bilhão de reais para investimentos na Parmalat e na recém-criada Integralat. Os investidores de varejo ainda podem desistir de participar da oferta, cancelando seus pedidos de reserva até as 18 horas de hoje.

A princípio, a Parmalat informou que não comprava produtos processados, envasados ou embalados pelos produtores e que mantinha "um rigoroso processo de avaliação da qualidade do leite cru, que vai além dos exigidos pela legislação em vigor", dando a entender que seus produtos não teriam sido afetados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, está recolhendo de supermercados do Distrito Federal e de São Paulo lotes de leite de três marcas, dentre elas a Parmalat, que estariam impróprios para o consumo. Em comunicado, a Parmalat alegou que os dois lotes que tiveram a retirada ordenada pela Anvisa não estavam mais sendo comercializados porque os prazos de validade tinham expirado no dia 22 de outubro. A empresa informa, ainda, que esses lotes somam 200 litros, num total de 40 milhões produzidos mensalmente, e que os produtos disponíveis no mercado podem ser consumidor sem restrições.

A argumentação não convenceu muito os investidores, que desde a crise das hipotecas nos Estados Unidos estão mais cautelosos para investir na Bolsa. Para agravar a situação, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) solicitou à empresa que incluísse em seu prospecto um estudo de viabilidade econômico-financeira da Parmalat e da Integralat, despertando ainda mais dúvidas nos investidores.

Numa tentativa de reduzir o impacto negativo sobre sua estréia na Bolsa, que acontece amanhã, a Laep, por meio da Parmalat, contratou a apresentadora Hebe Camargo para uma ação de merchandising em seu programa no SBT. O valor do contrato não foi divulgado, mas as tabelas de referência das agências de publicidade mostram que a apresentadora cobra um cachê de 236.000 reais para falar sobre qualquer produtos durante 60 segundos. Consultada, a Parmalat não se manifestou até o fechamento dessa matéria.

Com informações da Agência Estado.

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