Fitch Ratings: Rossi possui R$ 2,1 bilhões de dívida com vencimento até dezembro de 2014, dos quais cerca de R$ 1,2 bilhão se referem à dívida corporativa (Brendan McDermid/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2013 às 15h57.
São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch rebaixou nesta quarta-feira, 02, o rating nacional de longo prazo da incorporadora Rossi Residencial de A(bra) para BBB+(bra). Além disso, a perspectiva do rating caiu de estável para negativa.
Segundo comunicado da Fitch, o rebaixamento da nota reflete o enfraquecimento dos indicadores de crédito da Rossi e as pressões de refinanciamento da dívida corporativa a curto prazo.
A companhia possui R$ 2,1 bilhões de dívida com vencimento até dezembro de 2014, dos quais cerca de R$ 1,2 bilhão se referem à dívida corporativa, cujas taxas são mais elevadas do que nos empréstimos para financiamento à produção. Em 2015, as amortizações da dívida totalizam R$ 841 milhões, sendo R$ 315 milhões relacionados à dívida corporativa.
Pelas contas da agência, o caixa não restrito da incorporadora, no montante de R$ 778 milhões, cobria em apenas 0,6 vez a dívida corporativa com vencimento até dezembro de 2014.
A Fitch apontou também que o processo de repasse dos recebíveis da Rossi aos bancos, os atrasos nas obras e o maior volume de cancelamentos de vendas afetaram a geração de caixa da companhia, de modo que o fluxo de caixa das operações deve se tornar positivo somente em 2014.
Em paralelo, a alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) da Rossi ainda é considerada alta. No período de 12 meses encerrado em junho de 2013, a relação entre a dívida líquida ajustada e Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, incluindo as despesas financeiras alocadas aos custos, foi de 22 vezes, bem acima da expectativa da Fitch e dos índices de 9,7 vezes e de 6,2 vezes reportados em 2012 e 2011, respectivamente.
A agência não espera a redução da dívida ou que as margens operacionais da empresa se elevem significativamente neste ano, mas acredita que poderá ocorrer alguma melhora em 2014, conforme os projetos com margens menores sejam concluídos.
Perspectivas
A perspectiva negativa reflete os importantes desafios da Rossi em aumentar sua rentabilidade e reduzir o número de distratos e de estoques até o fim de 2014, em um ambiente de demanda mais seletiva. Apesar de as margens operacionais terem mostrado alguma melhora no primeiro semestre de 2013, a companhia precisa demonstrar sua recuperação em bases mais sustentáveis, argumentou a agência no comunicado.
A Rossi também enfrenta o desafio de alongar o perfil de amortização de sua dívida e de preservar uma estrutura de capital mais conservadora.
A Fitch incorporou na análise as tratativas em andamento para alongar parte da dívida com vencimento em 2014, o que minimiza, em parte, o risco de refinanciamento.
A realização de venda de ativos, em volumes significativos, também poderá beneficiar a liquidez da companhia. Na terça-feira, 01, por exemplo, a Rossi anunciou a celebração de contrato para venda de sua participação no North Shopping Jóquei, em Fortaleza, por R$ 80 milhões.
A agência alerta, porém, que, caso a empresa não obtenha sucesso na rolagem da dívida a curto prazo, o rating deverá ser novamente rebaixado.