O presidente da montadora, Sergio Marchionne, enfrenta a oposição de sindicatos em seus esforços para reduzir seus custos trabalhistas na Itália e reverter o prejuízo (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2011 às 11h22.
Milão - A Fiat SpA, que resgatou a Chrysler Group LLC do colapso em 2009, chegou a cair 7,5 por cento após informar alta em seu endividamento no terceiro trimestre, causado pelo menor volume de vendas na Itália em 30 anos.
A dívida líquida industrial subiu para 5,8 bilhões de euros (US$ 8,2 bilhões) em relação aos 3,4 bilhões de euros no trimestre anterior, disse a Fiat em comunicado ontem. O fluxo de caixa industrial, que exclui a Chrysler, foi negativo em 1,41 bilhão de euros.
“A verdadeira questão é a queima de dinheiro” pela Fiat, disse Erich Hauser, analista do Credit Suisse AG em Londres. Com o mercado antecipando dívida líquida de 4,1 bilhões de euros nas operações industriais da Fiat, “o baixo fluxo de caixa do terceiro trimestre apenas ressalta quão volátil se tornou o balanço da Fiat”.
O presidente da montadora, Sergio Marchionne, enfrenta a oposição de sindicatos em seus esforços para reduzir seus custos trabalhistas na Itália e reverter o prejuízo estimado em 800 milhões de euros ao ano em suas operações na Europa. A Fiat, que está adiando o lançamento de novos modelos, não espera recuperar participação de mercado na região no futuro próximo com as vendas na Itália atingindo o nível mais baixo em três décadas neste ano.
As ações da Fiat caíram até 7,5 por cento, para 4,71 euros e recuavam 5,6 por cento, a 4,81 euros, às 10:18 na bolsa de Milão. A montadora divulgou balanço ontem, após o fechamento do mercado. O papel acumula baixa de 28 por cento neste ano, o que indica valor de mercado de 6,03 bilhões de euros para a companhia.
Prejuízo
A empresa, que fabrica veículos das marcas Fiat, Maserati e Ferrari teve prejuízo de 46 milhões de euros no terceiro trimestre, ante lucro líquido de 170 milhões de euros no mesmo período do ano passado.
O resultado antes de juros, impostos e itens extraordinários, que a Fiat chama de lucro comercial, passou de 256 milhões de euros para 851 milhões de euros, segundo o comunicado de ontem. O dado superou os 696 milhões de euros esperados por oito analistas consultados pela Bloomberg.
A Fiat elevou sua meta para o lucro comercial de 2011 para mais de 2,1 bilhões de euros com o fortalecimento dos resultados da Chrysler. O lucro comercial da Chrysler no terceiro trimestre representou 65 por cento do resultado total. O mercado de carros de passeio na Itália encolheu 6,1 por cento no terceiro trimestre, disse a Fiat.
“A Chrysler está conduzindo os resultados”, disse Emanuele Vizzini, diretor de investimentos da Investitori Sgr em Milão, que vendeu suas ações na Fiat em agosto e que no momento não pretende voltar a comprar papéis da empresa. “Para a Fiat, enquanto o lucro comercial é melhor que o esperado, as receitas são fracas com os problemas na Itália emergindo.
Receita em alta
A receita do grupo mais que dobrou, para 17,6 bilhões de euros, com a Fiat consolidando pela primeira vez os resultados da Chrysler. A montadora reafirmou a projeção que as vendas em 2011 superarão 58 bilhões euros.
A recuperação das vendas da Chrysler está ajudando a Fiat. A montadora americana elevou sua participação no mercado de automóveis dos Estados Unidos em 1,8 ponto percentual, para 11,4 por cento, disse ontem a empresa. A fatia de mercado da Fiat na Europa encolheu 0,6 ponto percentual no período, para 6,5 por cento.
O lucro comercial da Ferrari, unidade mais lucrativa da Fiat, aumentou 1,3 por cento, para 77 milhões de euros, enquanto o ganho da Maserati dobrou, para 8 milhões de euros. Isso se compara à queda de 1,5 por cento, para 128 milhões de euros, da Fiat Automobiles, que inclui as marcas Fiat, Lancia e Alfa Romeo.