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Fed deveria continuar a comprar títulos, diz Lockhart

"Dar continuidade ao programa de compra de ativos para apoiar a recuperação e melhorar as condições de emprego continuam a ser (medidas) apropriadas", disse o presidente


	Desde o ano passado, o Fed vem tentando avançar com uma campanha de compra ilimitada de títulos do Tesouro e de hipotecas
 (REUTERS/Larry Downing)

Desde o ano passado, o Fed vem tentando avançar com uma campanha de compra ilimitada de títulos do Tesouro e de hipotecas (REUTERS/Larry Downing)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2013 às 07h19.

Knoxville - O Federal Reserve deve continuar a comprar títulos para estimular o crescimento até, pelo menos, o fim do primeiro semestre e pode ter de considerar a redução do tamanho dessas compras no final do ano, conforme o mercado de trabalho melhorar, afirmou o presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, nesta segunda-feira.

"Dar continuidade ao programa de compra de ativos para apoiar a recuperação e melhorar as condições de emprego continuam a ser (medidas) apropriadas por enquanto", afirmou Lockhart. "Dadas as perspectivas e os riscos associados, estou confortável em manter a abordagem atual, pelo menos, até a segunda metade do ano".

Os comentários de Lockhart vieram do texto de um discurso preparado para ser apresentado na cidade de Knoxville, no Tennessee. O funcionário não é um membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve.

Desde o ano passado, o Fed vem tentando avançar com uma campanha de compra ilimitada de títulos do Tesouro e de hipotecas, esperando que as compras diminuam os rendimentos dos bônus de longo prazo, levem ao crescimento e reduzam as altas taxas de desemprego.

Nas últimas semanas, no entanto, os comentários de autoridades do Fed, assim como a ata de reunião do último encontro do banco central, têm sugerido que eles estão repensando a perspectiva de longo prazo da compra de títulos.

Alguns oficiais pensam que a melhora na perspectiva de crescimento está começando a pôr em questão a necessidade de compras, enquanto outros banqueiros centrais têm se preocupado de que os custos da ação contínua podem começar, em breve, a superar os pontos positivos.

Ao mesmo tempo, algumas autoridades notaram que o Fed pode precisar iniciar um processo para diminuir o tamanho mensal das compras para não perturbar os mercados quando chegar a hora de acabar com as compras.


Falando a jornalistas depois de seu discurso, Lockhart disse que quando se trata da compra de títulos, ele "apoiaria um programa que vai até o final do ano", baseado na perspectiva provável para o mercado de trabalho.

Quando se trata de mudar o tamanho das compras, disse o oficial, "a opção de reduzir o tamanho das compras poderia ser consistente com um programa que é executado até final do ano, ou em torno disso". Ele disse que o Fed não fez planos para mudar o ritmo de compra ainda.

Em seu discurso, Lockhart disse que, ao mesmo tempo em que ele vê uma chance de que a economia cresça mais rápido do que ele espera neste ano, ainda há riscos que argumentam a favor da permanência do Fed no programa de estímulo.

"Eu não acho que a política monetária ainda cruzou a linha onde os benefícios da atual política - especificamente o elemento de relaxamento quantitativo - são inundados por sérias preocupações sobre as consequências que ela pode criar para o longo prazo", disse ele.

Ressaltando que a política monetária continua a ser "muito acomodatícia", Lockhart afirmou que "as medidas de política monetária do FOMC, em geral, têm, sem dúvida, ajudado a alcançar o progresso econômico que obtivemos desde o fim da recessão". O presidente do Fed de Atlanta disse que o banco central só vai enrijecer a política monetária quando a economia estiver "muito mais forte".

O oficial espera que o crescimento continue este ano e ele não vê uma grande ameaça com a inflação. Lockhart espera que o PIB dos EUA cresça entre 2% e 2,5% este ano, acrescentando que "este ritmo de crescimento deve resultar na criação líquida de emprego estável, mas não acelerada".

O funcionário disse que as perspectivas positivas incluem a recuperação do mercado imobiliário e condições mais tranquilas na Europa. Já como os EUA enfrentam a imposição de cortes no orçamento do governo, Lockhart disse: "Minha perspectiva assume alguma quantidade de engodo fiscal por causa dos cortes de gastos, mas não assume um choque político causado por uma crise auto infligida de nenhum tipo".


O presidente falou alguns dias antes do corte automático de gastos agendado para o fim da semana. Por mais que ele tenha dito que o impacto dos cortes de gastos não tenha sido considerado em sua perspectiva atual, Lockhart afirmou que os cortes, se sustentados, teriam um "impacto significativo" sobre as perspectivas, mas acrescentou que não seria "desastroso para as perspectivas de crescimento".

Lockhart disse que "o desemprego deverá continuar a diminuir gradualmente". Ele acrescentou que as pressões de preços continuam a se manter abaixo meta de 2% do banco central, e que "as perspectivas de inflação são benignas".

Lockhart também afirmou que o Fed está sempre tentando ver ativamente se os sinais de desequilíbrio estão se aparecendo nos mercados financeiros. Se o Fed encontra algo problemático, "a primeira linha de ataque" seria a utilização de instrumentos de regulação para esfriar o setor excessivamente aquecido e, dado o peso da política monetária, "não é sábio" usá-la para prender uma bolha, disse o oficial.

Lockhart disse a jornalistas que, contra os temores do que a política monetária relaxada pode criar nos mercados, ele afirmou que não está preparado para dizer neste momento se há bolhas de ativos reais que se desenvolveram.

Mas ele acrescentou: "Temos que estar atentos", e que "certamente há uma busca forte pelos rendimentos". As informações são da Dow Jones.

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