Barris de petróleo: os preços devem subir ainda mais e atingir 70,65 dólares em 2017, segundo especialista (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2015 às 17h32.
Rio de Janeiro - Os preços do barril de petróleo Brent devem ter uma pequena recuperação e atingir média de 63,01 dólares por barril em 2016, ante média estimada de 56,25 dólares neste ano, devido a um crescimento da demanda pela commodity no mundo, apontou estudo trimestral da consultoria Ernst & Young (EY).
Para 2017, segundo afirmou à Reuters o sócio de tributação do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY, Marcio Oliveira, os preços devem subir ainda mais e atingir 70,65 dólares.
O levantamento da consultoria foi feito com base em estimativas de mercado, incluindo Wells Fargo Securities, UBS e Credit Suisse, GLJ Petroleum Consultants, dentre outros.
"O que a gente verifica é que há uma pequena tendência de melhoria do preço, ainda não é tendência muito forte, mas já mostra um movimento de crescimento", afirmou Oliveira.
Estimativas da Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), destacou Oliveira, preveem que a demanda por petróleo em 2016 deverá crescer 1,4 por cento ante o ano anterior, mesmo percentual de alta previsto para 2015 ante 2014.
O executivo minimizou ainda os efeitos do menor crescimento da economia da China, maior consumidor global de energia, destacando que o país permanecerá crescendo em níveis altos.
As sondas de perfuração de poços exploratórios em operação nos Estados Unidos também têm apresentado queda, destacou o estudo. O número de equipamentos é um indicativo para o mercado de que a produção futura do país poderá apresentar uma queda.
Segundo o estudo, entretanto, o fornecimento de petróleo dos membros e não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) permanece forte, aumentando estoques globais e mantendo a pressão nos preços do barril no próximo ano.
Estimativas da EY apontam ainda que há 40 por cento de chances que a cotação do barril no mercado à vista ultrapasse 55 dólares no terceiro trimestre de 2016. Já a probabilidade de que ultrapasse 65 dólares no mesmo período é de 25 por cento.
Para sobreviver em meio aos baixos preços da commodity, Oliveira destacou que as petroleiras de todo o mundo, incluindo a Petrobras, estão buscando renegociar os valores de contratos com os fornecedores para reduzir custos.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, o preço depreciado do barril de petróleo não é o único problema que impacta a indústria, destacou Oliveira. A crise financeira e política do país e a crise institucional pela qual passa a Petrobras têm impactado de forma relevante o setor de óleo e gás no Brasil.
"Esses três fatores, sem sombra de dúvida, dificultam o funcionamento da indústria, mas acredito que se o preço do óleo tiver uma elevação no mercado internacional, a indústria (no Brasil) vai conseguir se recuperar", afirmou Oliveira.
Isso porque a indústria de petróleo, segundo Oliveira, é de longo prazo e tem planejamentos que já consideram possíveis crises políticas e econômicas ao longo do tempo.
Ele destacou ainda que a Petrobras tem um potencial e um portfólio bastante importante e deverá se recuperar.
Em contrapartida, Oliveira ponderou que o país precisa realizar ajustes regulatórios para se tornar mais atrativo.
"A estrutura de concessão e partilha aqui no Brasil precisa realmente ser aperfeiçoada", afirmou Oliveira, frisando uma crítica muito comum da indústria sobre a obrigatoriedade da Petrobras ser a operadora única do pré-sal.
"Se a Petrobras tivesse a capacidade de investimento necessária para atuar em todos os blocos, talvez funcionasse.
Mas o fato é que hoje, considerando o cenário, a Petrobras não tem o fôlego financeiro necessário", disse.
Segundo Oliveira, uma flexibilização das regras de exploração das áreas do pré-sal seria bem vista pelo mercado e permitiria uma entrada mais forte de investidores externos.