Exame Logo

Estrangeiros ingressam com R$ 4,5 bi na Bolsa em janeiro

Apesar do forte volume, o maior desde o recorde histórico alcançado em janeiro de 2012, quando entraram R$ 7 bilhões, o Ibovespa fechou o mês com queda de 1,95%

Segundo especialista, a Bovespa deve continuar crescendo empurrada pela expansão da economia mundial, mas com um ímpeto reduzido pela expansão decepcionante do PIB nacional (Nacho Doce/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - A Bovespa fechou janeiro com ingressos de R$ 4,576 bilhões de capital externo. Apesar do forte volume, o maior desde o recorde histórico alcançado em janeiro de 2012, quando entraram R$ 7 bilhões, o Ibovespa fechou o mês com queda de 1,95%, no pior desempenho mensal desde outubro (-3,56%).

Analistas atribuem o resultado a operações casadas dos estrangeiros em compras à vista na Bolsa com operações no mercado futuro e a falta de confiança do investidor interno em uma alta do índice, preferindo realizar lucros. E esperam para fevereiro que a divulgação dos primeiros balanços trace o panorama do mercado para o mês.

Na opinião do sócio da Cultinvest, Walter Mendes, o fluxo de capital externo para a Bovespa pode continuar, mas dependerá de a economia brasileira reagir e crescer. Ele destaca que a Bovespa não está andando por dois motivos: o fato de os investidores locais terem vendido muito em janeiro e os estrangeiros estarem comprando ações no mercado à vista, mas vendidos no índice futuro. "Se olharmos do início ao final de janeiro, vemos eles aumentado a aposta na queda do Ibovespa", diz.

Em 4 de janeiro os estrangeiros estavam vendidos com 57.463 contratos em aberto, volume que aumentou para 78.984 contratos em aberto até sexta-feira, segundo dados da BM&FBovespa.

Mendes destaca que os fundos de investimentos e os investidores institucionais, entre outros locais, venderam forte em janeiro. Os investidores institucionais acabaram janeiro com retiradas de R$ 4,236 bilhões da Bovespa. "Normalmente os locais tendem a acompanhar o comportamento dos estrangeiros, porque sempre que estes entram forte o Ibovespa sobe, mas desta vez parecem não acreditar na continuidade deste fluxo, tal como aconteceu em 2012, quando houve fortes ingressos em janeiro que depois pararam", avalia.

Para ele, a avaliação é que os estrangeiros entraram no Brasil mesmo sem muita convicção na expansão da economia, porque o volume de recursos destinados aos mercados emergentes é muito grande e acabou "sobrando" alguma coisa para o País. "Os investidores brasileiros sentem que a convicção não é forte e aproveitam para realizar lucros depois da alta de dezembro do Ibovespa."


Na opinião de Hamilton Moreira Alves, analista do BB Investimentos (BB-BI), janeiro foi marcado por uma mercado mais cauteloso e pelas grandes vendas de contratos futuros pelos estrangeiros, principalmente. "Os investidores externos apostaram na operação casada de compra de papéis com a venda no mercado futuro, para ganhar um rendimento embutido, chamada de operação de financiamento", diz. "Além disso, as pessoas físicas ficaram de fora, o que é um equívoco, porque há várias boas oportunidades no mercado"

Sobre a queda do Ibovespa em janeiro, Moreira Alves considera que é mais positivo para a Bolsa um crescimento sustentável. "O que aconteceu em janeiro do ano passado, quando o Ibovespa disparou e depois caiu seguidamente, não é positivo, e acaba afugentando o investidor. Acreditamos que 2013 será um ano em que a Bolsa terá um crescimento paulatino, o que é mais salutar." Ele acredita que o Ibovespa possa chegar ao final de 2013 perto dos 70 mil pontos.

Fevereiro

Na visão de Moreira Alves, fevereiro será um mês de transição, de observação dos resultados divulgados pelas empresas no quarto trimestre. Para ele, se os balanços vierem com bons fundamentos, poderão atrair mais fluxo de estrangeiros.

Este mês o mercado ficará atento a uma acomodação nas Bolsas mundiais depois das fortes altas de janeiro, opina o analista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto. "Será um momento em que os investidores também irão avaliar os resultados dos balanços das empresas brasileiras do quatro trimestre e suas projeções para 2013." Segundo ele, o forte fluxo de estrangeiros em janeiro foi motivado pela melhora do mercado externo, embora não acompanhada pelas boas projeções quanto à economia brasileira.


Já para Mendes, a Bovespa deve continuar crescendo empurrada pela expansão da economia mundial, mas com um ímpeto reduzido pela expansão decepcionante do PIB nacional. "É o contrário do que aconteceu na crise de 2008, quando a economia brasileira estava em alta. Atualmente, a dúvida é o crescimento do PIB brasileiro, com projeções cada dia piores, e perspectivas de alta da inflação, o que não ajuda nas apostas na Bolsa."

Pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira mostra que a mediana das projeções de alta do PIB para 2013 não se alterou, seguindo em 3,10%, mas abaixo da expectativa de quatro semanas atrás, que era de alta de 3,26%. A mesma pesquisa mostrou que metade dos analistas consultados pelo Banco Central projeta que o IPCA de 2013 encerrará o ano em 5,8%, ou seja, acima do centro da meta de 4,5% determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano.

Na visão do sócio da Cultinvest, com uma expansão mais fraca do PIB brasileiro, o Ibovespa pode fechar o ano com 68 mil pontos, com forte cautela dos investidores internos, pessimistas. "Se o PIB se mostrar mais forte, mesmo sinalizando que ficará em torno de 3% de crescimento, o Ibovespa e o fluxo de estrangeiros podem ter melhor reação."

No dia 31 de janeiro, o saldo de capital externo na Bolsa foi positivo em R$ 83,289 milhões. Naquele pregão, o Ibovespa subiu 0,72%, aos 59.761,49 pontos, e o giro financeiro totalizou R$ 8,876 bilhões. Em janeiro, os estrangeiros realizaram compras de R$ 63,914 bilhões na Bolsa e vendas de R$ 59,338 bilhões.

Veja também

São Paulo - A Bovespa fechou janeiro com ingressos de R$ 4,576 bilhões de capital externo. Apesar do forte volume, o maior desde o recorde histórico alcançado em janeiro de 2012, quando entraram R$ 7 bilhões, o Ibovespa fechou o mês com queda de 1,95%, no pior desempenho mensal desde outubro (-3,56%).

Analistas atribuem o resultado a operações casadas dos estrangeiros em compras à vista na Bolsa com operações no mercado futuro e a falta de confiança do investidor interno em uma alta do índice, preferindo realizar lucros. E esperam para fevereiro que a divulgação dos primeiros balanços trace o panorama do mercado para o mês.

Na opinião do sócio da Cultinvest, Walter Mendes, o fluxo de capital externo para a Bovespa pode continuar, mas dependerá de a economia brasileira reagir e crescer. Ele destaca que a Bovespa não está andando por dois motivos: o fato de os investidores locais terem vendido muito em janeiro e os estrangeiros estarem comprando ações no mercado à vista, mas vendidos no índice futuro. "Se olharmos do início ao final de janeiro, vemos eles aumentado a aposta na queda do Ibovespa", diz.

Em 4 de janeiro os estrangeiros estavam vendidos com 57.463 contratos em aberto, volume que aumentou para 78.984 contratos em aberto até sexta-feira, segundo dados da BM&FBovespa.

Mendes destaca que os fundos de investimentos e os investidores institucionais, entre outros locais, venderam forte em janeiro. Os investidores institucionais acabaram janeiro com retiradas de R$ 4,236 bilhões da Bovespa. "Normalmente os locais tendem a acompanhar o comportamento dos estrangeiros, porque sempre que estes entram forte o Ibovespa sobe, mas desta vez parecem não acreditar na continuidade deste fluxo, tal como aconteceu em 2012, quando houve fortes ingressos em janeiro que depois pararam", avalia.

Para ele, a avaliação é que os estrangeiros entraram no Brasil mesmo sem muita convicção na expansão da economia, porque o volume de recursos destinados aos mercados emergentes é muito grande e acabou "sobrando" alguma coisa para o País. "Os investidores brasileiros sentem que a convicção não é forte e aproveitam para realizar lucros depois da alta de dezembro do Ibovespa."


Na opinião de Hamilton Moreira Alves, analista do BB Investimentos (BB-BI), janeiro foi marcado por uma mercado mais cauteloso e pelas grandes vendas de contratos futuros pelos estrangeiros, principalmente. "Os investidores externos apostaram na operação casada de compra de papéis com a venda no mercado futuro, para ganhar um rendimento embutido, chamada de operação de financiamento", diz. "Além disso, as pessoas físicas ficaram de fora, o que é um equívoco, porque há várias boas oportunidades no mercado"

Sobre a queda do Ibovespa em janeiro, Moreira Alves considera que é mais positivo para a Bolsa um crescimento sustentável. "O que aconteceu em janeiro do ano passado, quando o Ibovespa disparou e depois caiu seguidamente, não é positivo, e acaba afugentando o investidor. Acreditamos que 2013 será um ano em que a Bolsa terá um crescimento paulatino, o que é mais salutar." Ele acredita que o Ibovespa possa chegar ao final de 2013 perto dos 70 mil pontos.

Fevereiro

Na visão de Moreira Alves, fevereiro será um mês de transição, de observação dos resultados divulgados pelas empresas no quarto trimestre. Para ele, se os balanços vierem com bons fundamentos, poderão atrair mais fluxo de estrangeiros.

Este mês o mercado ficará atento a uma acomodação nas Bolsas mundiais depois das fortes altas de janeiro, opina o analista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto. "Será um momento em que os investidores também irão avaliar os resultados dos balanços das empresas brasileiras do quatro trimestre e suas projeções para 2013." Segundo ele, o forte fluxo de estrangeiros em janeiro foi motivado pela melhora do mercado externo, embora não acompanhada pelas boas projeções quanto à economia brasileira.


Já para Mendes, a Bovespa deve continuar crescendo empurrada pela expansão da economia mundial, mas com um ímpeto reduzido pela expansão decepcionante do PIB nacional. "É o contrário do que aconteceu na crise de 2008, quando a economia brasileira estava em alta. Atualmente, a dúvida é o crescimento do PIB brasileiro, com projeções cada dia piores, e perspectivas de alta da inflação, o que não ajuda nas apostas na Bolsa."

Pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira mostra que a mediana das projeções de alta do PIB para 2013 não se alterou, seguindo em 3,10%, mas abaixo da expectativa de quatro semanas atrás, que era de alta de 3,26%. A mesma pesquisa mostrou que metade dos analistas consultados pelo Banco Central projeta que o IPCA de 2013 encerrará o ano em 5,8%, ou seja, acima do centro da meta de 4,5% determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano.

Na visão do sócio da Cultinvest, com uma expansão mais fraca do PIB brasileiro, o Ibovespa pode fechar o ano com 68 mil pontos, com forte cautela dos investidores internos, pessimistas. "Se o PIB se mostrar mais forte, mesmo sinalizando que ficará em torno de 3% de crescimento, o Ibovespa e o fluxo de estrangeiros podem ter melhor reação."

No dia 31 de janeiro, o saldo de capital externo na Bolsa foi positivo em R$ 83,289 milhões. Naquele pregão, o Ibovespa subiu 0,72%, aos 59.761,49 pontos, e o giro financeiro totalizou R$ 8,876 bilhões. Em janeiro, os estrangeiros realizaram compras de R$ 63,914 bilhões na Bolsa e vendas de R$ 59,338 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3bolsas-de-valores

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame