Estrangeiro complacente evita mercado pior, diz Stuhlberger
Gestor diz que continua comprando “seguros” para uma piora expressiva da economia brasileira e uma queda dos ativos financeiros
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2014 às 15h36.
São Paulo - A situação da economia brasileira é bem mais frágil do que sugerem os preços das ações, dólar e juros do mercado, avalia Luís Stuhlberger, gestor do fundo Verde, da CSHG, o maior fundo hedge do Brasil e um dos maiores do mundo, com mais de R$ 10 bilhões de patrimônio.
Em relatório enviado aos clientes, ele diz que continua comprando “seguros” para uma piora expressiva da economia brasileira e uma queda dos ativos financeiros.
Ele diz também que mesmo a indicação de um ministro da Fazenda forte não será suficiente para resolver os problemas estruturais do país.
Para ele, o mercado apenas não derrubou os preços de ações, do real e dos títulos públicos porque o cenário internacional segue favorável, com bastante dinheiro em circulação, e pela “extrema complacência dos investidores, especialmente os estrangeiros, com o Brasil”.
Os juros de 12% ao ano de médio prazo pagos no Brasil em um ambiente em que as taxas das principais economias estão perto de zero, com enorme liquidez internacional, são as principais razões para o país atrair capital.
“Isto produz um efeito no qual o investidor, por querer estar aqui, tende a enxergar apenas o lado positivo de nossa economia, e a acreditar que existem soluções viáveis e relativamente simples para solucionar os graves problemas domésticos”, afirma no relatório.
Para ele, esse é um pensamento esperançoso inaceitável, e levaria em conta que qualquer um dos eleitos em outubro, Aécio Neves, Marina Silva ou “Dilma 2.0” (numa ironia com o segundo mandato de Dilma Rousseff, do PT), com um “capital humano na Fazenda melhor”, referindo-se ao esperado substituto de Guido Mantega, contornaria os problemas do país facilmente.
Stuhlberger vem apostando na queda da bolsa e na alta do dólar e dos juros desde o início do ano, levando em conta os dados da economia brasileira, que mostram uma forte deterioração dos déficits fiscal e externo e alta da inflação.
Essa aposta levou o fundo Verde a registrar perda de 0,64% em outubro e reduzir o ganho no ano para 2,21%, comparado a um juro do CDI acumulado de 8,85%.
O gestor afirma que independentemente de quem for escolhido para o Ministério da Fazenda, será “uma tarefa inglória” consertar a economia brasileira, processo que depende de “um norte muito mais do que um ministro”.
“Ignoram o fato de que o Brasil precisa se reinventar e, para isso, subir a Selic (taxa de juros básica) e prometer um ajuste fiscal à la ‘me engana que eu gosto’ (pois todos sabem que não será feito) são medidas insuficientes, pois precisamos de profundas reformas estruturais que não estão na agenda”.
Stuhlberger chama a atenção também para a queda nos preços das commodities no mercado internacional, que deve reduzir as exportações de matérias-primas brasileiras, e para a “conspiração da natureza”, com a maior seca da história ameaçando os setores de energia e água.
Além disso, as relações do novo governo com o Congresso “não são boas, para dizer o mínimo” e as denúncias da Petrobras “provocarão uma paralisia política e de investimentos”.
São Paulo - A situação da economia brasileira é bem mais frágil do que sugerem os preços das ações, dólar e juros do mercado, avalia Luís Stuhlberger, gestor do fundo Verde, da CSHG, o maior fundo hedge do Brasil e um dos maiores do mundo, com mais de R$ 10 bilhões de patrimônio.
Em relatório enviado aos clientes, ele diz que continua comprando “seguros” para uma piora expressiva da economia brasileira e uma queda dos ativos financeiros.
Ele diz também que mesmo a indicação de um ministro da Fazenda forte não será suficiente para resolver os problemas estruturais do país.
Para ele, o mercado apenas não derrubou os preços de ações, do real e dos títulos públicos porque o cenário internacional segue favorável, com bastante dinheiro em circulação, e pela “extrema complacência dos investidores, especialmente os estrangeiros, com o Brasil”.
Os juros de 12% ao ano de médio prazo pagos no Brasil em um ambiente em que as taxas das principais economias estão perto de zero, com enorme liquidez internacional, são as principais razões para o país atrair capital.
“Isto produz um efeito no qual o investidor, por querer estar aqui, tende a enxergar apenas o lado positivo de nossa economia, e a acreditar que existem soluções viáveis e relativamente simples para solucionar os graves problemas domésticos”, afirma no relatório.
Para ele, esse é um pensamento esperançoso inaceitável, e levaria em conta que qualquer um dos eleitos em outubro, Aécio Neves, Marina Silva ou “Dilma 2.0” (numa ironia com o segundo mandato de Dilma Rousseff, do PT), com um “capital humano na Fazenda melhor”, referindo-se ao esperado substituto de Guido Mantega, contornaria os problemas do país facilmente.
Stuhlberger vem apostando na queda da bolsa e na alta do dólar e dos juros desde o início do ano, levando em conta os dados da economia brasileira, que mostram uma forte deterioração dos déficits fiscal e externo e alta da inflação.
Essa aposta levou o fundo Verde a registrar perda de 0,64% em outubro e reduzir o ganho no ano para 2,21%, comparado a um juro do CDI acumulado de 8,85%.
O gestor afirma que independentemente de quem for escolhido para o Ministério da Fazenda, será “uma tarefa inglória” consertar a economia brasileira, processo que depende de “um norte muito mais do que um ministro”.
“Ignoram o fato de que o Brasil precisa se reinventar e, para isso, subir a Selic (taxa de juros básica) e prometer um ajuste fiscal à la ‘me engana que eu gosto’ (pois todos sabem que não será feito) são medidas insuficientes, pois precisamos de profundas reformas estruturais que não estão na agenda”.
Stuhlberger chama a atenção também para a queda nos preços das commodities no mercado internacional, que deve reduzir as exportações de matérias-primas brasileiras, e para a “conspiração da natureza”, com a maior seca da história ameaçando os setores de energia e água.
Além disso, as relações do novo governo com o Congresso “não são boas, para dizer o mínimo” e as denúncias da Petrobras “provocarão uma paralisia política e de investimentos”.