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Especuladores ficam fora do IPO da Bovespa

Investidores que compraram e em seguida venderam ações nas ofertas da General Shopping, Cosan Limited, Satipel e SulAmerica não conseguiram adquirir os papéis da Bolsa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h12.

Os investidores que participam de ofertas públicas iniciais (IPOs, em inglês) para obter lucro rápido com a compra e venda dos papéis - conhecidos no mercado como flippers - ficaram de fora da maior oferta de ações da história brasileira. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que a partir desta sexta-feira (26/10) terá seus próprios papéis negociados no pregão, colocou em operação o sistema que permite diferenciar os flippers dos demais investidores de varejo.

Quem não participou dos últimos quatro IPOs, ou participou e manteve os papéis em carteira, teve prioridade na compra das ações da Bovespa. Esses investidores tiveram seus pedidos atendidos integralmente até o valor de 12.098 reais, o correspondente a 526 ações. Já aqueles que fliparam nas últimas ofertas públicas não conseguiram adquirir nenhum papel. A justificativa para a exclusão foi a demanda recorde pelos papéis da bolsa, que teria chegado a 60 bilhões de reais. A Bovespa não informa quantos investidores deixaram de ter seus pedidos de compra atendidos.

Aos investidores de varejo, que podiam investir entre 3.000 e 300.000 reais, a Bovespa reservou entre 10% e 20% das 250.492.283 ações ofertadas. É possível que seja colocado no mercado um lote suplementar com mais 37.573.842 ações. Esses papéis, no entanto, não estarão disponíveis aos investidores de varejo. Considerando o exercício do lote suplementar, a Bolsa terá negociado 288.066.125 ações ordinárias, captando 6,625 bilhões de reais - a maior oferta de ações já realizada no Brasil.

Como funciona o filtro de investidores

Ao realizar o pedido de reserva de ações, o investidor deverá informar no formulário de reserva se é um investidor "com prioridade" ou "sem prioridade". Serão considerados investidores "com prioridade" aqueles que não tenham flipado ou participado dos IPOs escolhidos como parâmetro (no caso da Bovespa foram os quatro últimos realizados: General Shopping, Cosan Limited, Satipel e SulAmerica). Quem não preencher esse campo, será considerado investidor "sem prioridade".

Para evitar fraudes, será verificado se os investidores classificados como "com prioridade" mantiveram, ao final do primeiro dia de negociação das ações na Bolsa, 80% do volume dos papéis adquiridos em carteira. No caso do IPO da Bovespa, se em duas ou mais das quatro ofertas consideradas o investidor teve seu saldo abaixo de 80% do total adquirido no primeiro dia de negociação, foi automaticamente considerado como "sem prioridade".

O filtro de investidores será um instrumento opcional nos próximos IPOs. Ou seja, a empresa poderá escolher se quer ou não colocar restrições à sua oferta e em quais condições. Em tese, esse mecanismo excluirá apenas os investidores de curtíssimo prazo que, em um momento de nervosismo, podem pressionar para baixo a cotação de uma empresa estreante da Bovespa e desatar um forte movimento de venda de papéis.

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