Emissão de debêntures bate recorde e já é 33% maior que todo o volume de 2023
Captação de fundos de crédito e compressão de spreads têm incentivado novas emissões de dívida por empresas
Repórter
Publicado em 21 de outubro de 2024 às 16h27.
Última atualização em 21 de outubro de 2024 às 16h27.
Estimulada pela alta de juros, pelo desmonte de fundos exclusivos e por performances recentes atrativas, a entrada massiva de recursos no crédito privado tem tornado novas emissões de dívida mais baratas para as empresas. Companhias que, na média, emitiam dívida a CDI + 1,80% no início do ano, agora conseguem emitir a CDI + 1,30%.
Portanto, muitas empresas têm aproveitado o momento para reperfilar suas dívidas, buscando spreads mais baixos, o que aumentou o volume de emissões.
Os spreads comprimidos em debêntures também têm incentivado investidores a buscar novas alternativas em crédito privado.
A nova tendência são os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios ( FIDCs ), que consistem em operações de crédito estruturadas, podendo conter ativos de companhias fechadas. De acordo com o relatório da CVM, as emissões de FIDCs atingiram R$ 83,7 bilhões no terceiro trimestre, 9,1% acima de todo o volume de 2023.
O volume total de emissões de ativos mobiliários acumulado no ano chegou a R$ 662,3 bilhões, superando o volume total de emissões do ano passado, de R$ 644,5 bilhões.
Ações na contramão
Apesar do crescimento no volume geral, as emissões de ações estão significativamente abaixo do ano passado. Até o terceiro trimestre, foram emitidos R$ 54,2 bilhões em ações no mercado brasileiro, contra R$ 126,8 bilhões em todo o ano passado. Sem ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) no Brasil desde 2021, os números referem-se apenas ao volume de ofertas subsequentes (follow-on).
O menor apetite por emissões de ações reflete uma performance mais fraca da bolsa brasileira, que acumula queda no ano, em contraste com uma alta de mais de 20% em 2024. Quanto menor o preço da ação, teoricamente, menor é o incentivo para a empresa realizar novas emissões.