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Em mais uma semana tensa, mercado vai testar limites do dólar

Especialistas em câmbio dizem que a demora da intervenção do BC para conter o dólar é parte de uma estratégia do governo para manter a moeda americana alta

Dólar: mercado tentará entender nesta semana quais são os limites do governo

Dólar: mercado tentará entender nesta semana quais são os limites do governo

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 06h30.

Começa mais uma semana tensa no mercado de câmbio brasileiro. Depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, salientar na semana passada que o dólar na casa de 4 reais é o novo normal e de o Banco Central intervir no câmbio quando a moeda encostou na cotação nominal máxima histórica de 4,38 reais, na quinta-feira, 13, o mercado tentará entender nesta semana quais são os limites do governo para esta flutuação.

Especialistas em câmbio dizem que a demora da intervenção do BC – a última atuação antes de quinta havia se dado em 26 de dezembro – é parte de uma estratégia do governo federal que não estava totalmente explícita. Na semana passada, Guedes afirmou que o dólar mais alto é bom porque incentiva as exportações e contribui para a substituição das importações. “É melhor termos juros a 4% e câmbio a 4 reais do que câmbio a 1,80 real e juros de 14%, nas alturas”, disse.

Para Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, as afirmações do ministro incentivam a especulação no mercado futuro de dólar, puxando a moeda para cima. “Deixar o dólar nas alturas para compensar a perda de produtividade da indústria é um erro. Já vimos esse filme antes”, diz Nehme. “O dólar alto pressiona a inflação.”

Somados à tentativa de ajudar o setor produtivo, outros objetivos não declarados têm feito o governo reduzir os juros e permitir que o câmbio suba, na opinião de Nehme: diminuir a taxa de carregamento da dívida pública e impulsionar a valorização das reservas cambiais. “O governo quer superar o estigma de que o Brasil é um país ‘caro’, seja na bolsa, seja para investimentos na infraestrutura no momento em que idealiza o programa de privatizações”, diz o economista.

Além do nervosismo interno, o dólar tem sido impactado nas últimas semanas pela preocupação com o coronavírus. Segundo Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da corretora Ourominas, os investidores seguem atentos ao número de infectados e aos efeitos que o surto deve ter na economia chinesa. “Com a China parada, há uma estagnação na economia global”, diz.

Nesta segunda-feira, 17, o movimento no mercado de câmbio brasileiro deve ser esvaziado por causa do feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos. A partir de amanhã, o rumo da moeda americana pode ficar mais claro.

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