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Em dia histórico, investidores se perguntam o que vem a seguir

Mercado tenta descobrir como a guerra de preços do petróleo e o surto de coronavírus em rápida expansão afetarão a economia global

Mercados: petróleo registrou a maior queda desde 1991 (Spencer Platt/Getty Images)

Mercados: petróleo registrou a maior queda desde 1991 (Spencer Platt/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 9 de março de 2020 às 14h40.

O que começou com o maior colapso dos preços do petróleo desde 1991 pode ser um dos dias mais voláteis dos últimos anos para os mercados globais.

Vendas guiadas pelo pânico, chamadas de margem, crise de liquidez e arranjos para trabalho remoto devido ao coronavírus são apenas alguns dos desafios que operadores enfrentam quando preços de ativos de risco estão em queda, a volatilidade cambial dispara e recursos migram para títulos de dívida públicos. O mercado também tenta descobrir como a guerra de preços do petróleo e o surto em rápida expansão afetarão a economia global, as empresas e a geopolítica.

“O dia tem sido absolutamente caótico”, disse Eugene Kang, cuja equipe negocia ativos como títulos do governo russo na NH Investment & Securities, de Seul. “Os mercados financeiros foram pegos desprevenidos.”

Turbulência do petróleo

Zhang Chenfeng, analista de trading de petróleo do hedge fund chinês Shanghai Youlin Investment Management, mal dormiu na noite passada. Ele sabia que a decisão da Arábia Saudita de iniciar uma guerra de preços com a Rússia abalaria o mercado, mas a queda acima de 30% na segunda-feira foi um soco no estômago. “Foi chocante”, disse Zhang. “Foi histórico.”

A desvalorização do petróleo se espalhou rapidamente para outros mercados. O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos caiu abaixo de 0,5% pela primeira vez. As moedas sensíveis ao petróleo se desvalorizaram: o peso mexicano chegou a perder 6%. Os futuros do índice S&P 500 afundaram cerca de 5%, e as bolsas europeias podem seguir o Japão e entrar em um mercado baixista.

Hipnotizados

Alguns pregões estavam assustadoramente silenciosos. “É quase como se todos estivessem hipnotizados e os níveis em queda livre sem que ninguém fosse capaz de pará-los”, disse Tsutomu Soma, operador de títulos da Monex, em Tóquio, que está no mercado há tanto tempo que viu o “crash” da segunda-feira negra, em 1987. “Já fazia tempo que não via esse tipo de onda vendedora”, disse.

Câmbio descontrolado

Com a turbulência também presente no câmbio, alguns operadores tentavam acompanhar as rápidas oscilações nos mercados onde a volatilidade havia mergulhado para mínimas históricas recentemente. Tanto o dólar australiano quanto o neozelandês registraram forte queda antes de recuperarem algumas das perdas. O iene subiu 3,6%, e a coroa norueguesa perdeu 4,7%.

“Quando você vê um movimento de 4% em apenas alguns minutos, tende a ser bastante seguro ficar do outro lado da posição vendida, mas desta vez a janela era muito curta”, disse Stuart Simmons, gestor sênior da QIC, na Austrália, que administra 83 bilhões de dólares australianos (US$ 54 bilhões) em ativos. “Quando começam a acionar o stop loss, as moedas acabam caindo em cascata.”

Lidar com o pânico

Com o medo no ar, o único tópico de discussão na GAM Investment Management é o quanto isso pode piorar, disse Paul McNamara, que administra mais de US$ 7 bilhões em ativos de renda fixa de mercados em desenvolvimento.

Em Taipei, onde o índice Taiex caiu mais de 3% e fechou no nível mais baixo do dia, dois gestores de fundos adotaram abordagens totalmente diferentes na onda de vendas. Sean Lee, do Shin Kong Investment Trust, acelerou os ajustes nas participações, dizendo que precisava agir rápido porque “é difícil dizer o que acontecerá a seguir”.

Por outro lado, Hiroki Lu, da SinoPac Securities Investment Trust, planeja esperar antes de fazer grandes mudanças.

“Apenas chequei o desempenho do mercado quando abriu e fui fazer outras coisas. Não há sentido em monitorar os mercados em uma situação como esta, é muito volátil e os investidores estão em demasiado pânico”, disse Lu.

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