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Eleições e juro alto devem segurar emissões no 2º semestre

Segundo a diretora da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais Carolina Lacerda, 2014 é um ano de cautela


	Investidores: resultados da Copa no Brasil podem ter ajudado a melhorar o humor dos investidores estrangeiros
 (Getty Images)

Investidores: resultados da Copa no Brasil podem ter ajudado a melhorar o humor dos investidores estrangeiros (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 14h25.

São Paulo - Depois de um primeiro semestre de baixa atividade no mercado de capitais brasileiro do ponto de vista de emissões, pouca coisa deve mudar na segunda metade do ano.

Segundo a diretora da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) Carolina Lacerda, “2014 é um ano de cautela, em que os emissores ficarão em compasso de espera”.

Em teleconferência para comentar os números do mercado de capitais no primeiro semestre, Carolina, que é chefe de investimentos do banco UBS, o primeiro dos obstáculos ao movimento nos mercados, a Copa do Mundo, foi deixado para trás, e a contento.

Na opinião da executiva, 2014 começou com um grande pessimismo ligado ao evento, mas, apesar do fracasso dentro de campo, o Brasil deixou uma boa impressão na organização do torneio. Segundo ela, os resultados da Copa no Brasil podem ter ajudado a melhorar o humor dos investidores estrangeiros com relação ao país.

Contudo, segundo ela, o pessimismo continua por causa de duas outras barreiras. A eleição é uma delas. “O ano é político, eleitoral, e todas as decisões de investimentos serão em função do que vai acontecer, de se as políticas econômicas serão alteradas”, afirma. De acordo com ela, os emissores permanecerão cautelosos até o fim do ano.

Outro fator é a questão do cenário de juros altos no país. Com a taxa básica Selic em 11% ao ano e sem perspectiva de queda no curto prazo, a executiva avalia que o perfil de captação das empresas tem passado por mudanças. “Com os juros mais altos, as empresas têm captado recursos via emissões com prazos mais curtos, para não ficarem expostas a essas taxas elevadas por muito tempo”, observa. “Ou então elas têm preferido esperar a situação se acalmar.”

Prova disso é que, no total de emissões de debêntures no primeiro semestre, predominou a indexação desses papéis ao DI, referencial típico de operações de curto prazo. De janeiro a junho do ano passado, o juro DI foi referência para 13% das emissões de debêntures. Já no primeiro semestre desse ano, esse percentual saltou para 38,3%. Papéis indexados ao IPCA, índice oficial de inflação, passaram de 68% para 42,3%.

De acordo com Carolina, o mercado não alimenta grandes expectativas de emissões de renda variável, sobretudo pelas instabilidades citadas acima. Na renda fixa, contudo, é possível esperar uma leve melhora na atividade. “É um mercado que não fica fechado nunca”, concluiu.

Balanço

No primeiro semestre, as emissões de renda fixa no mercado externo lideraram o volume total, com R$ 72,5 bilhões. Em seguida vieram as emissões de papéis de renda fixa no mercado interno, com R$ 51,09 bilhões. As emissões em renda variável totalizaram R$ 14,9 bilhões, concentrados em apenas uma operação, que foi a captação realizada pela Oi em seu processo de reestruturação e fusão com a Portugal Telecom.

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) foram destaque no período, passando a representar 9,7% das emissões, ante 2,4% no mesmo período do ano anterior. Segundo Carolina, esse salto deveu-se a grandes operações envolvendo imóveis da Petrobras. “A companhia está com grande necessidade de financiamento e, por conta disso, tem feito essas operações diferentes para levantar capital”, observou.

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