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Dólar passa a cair após Ilan defender câmbio flutuante

Às 9h11, o dólar avançava 0,41%, a 3,5048 reais na venda, após fechar abaixo de 3,50 reais na sessão passada e no patamar mais baixo em mais de três semanas


	Economia americana: no mês até a véspera, o dólar acumulou queda de 3,37%
 (Gary Cameron / Reuters)

Economia americana: no mês até a véspera, o dólar acumulou queda de 3,37% (Gary Cameron / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2016 às 11h24.

São Paulo - O dólar passou a cair frente ao real nesta terça-feira após o indicado à presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, defender o regime de câmbio flutuante, levando alguns operadores a entender que ele estaria confortável com cotações abaixo dos 3,50 reais.

Também contribuía para o alívio o cenário externo favorável, com alta de commodities como o petróleo e menores expectativas de altas de juros nos Estados Unidos. 

A moeda norte-americana havia avançado frente ao real mais cedo em meio a notícias de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de uma série de políticos de alto escalão.

Às 11h16, o dólar recuava 0,54%, a 3,4716 reais na venda, após subir a 3,5142 reais na máxima do dia e cair a 3,4625 reais na mínima.

O dólar futuro recuava 0,65%.

"A leitura do mercado é que haverá pouca interferência no mercado de câmbio quando o Ilan estiver no comando do BC", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Em discurso proferido em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Ilan defendeu duas vezes o câmbio flutuante, dizendo que o regime "mostrou seu valor para o enfrentamento de crises externas no passado e para o equilíbrio interno e externo da economia brasileira".

Muitos operadores acreditavam que o BC voltaria a intervir no mercado se o dólar se mantivesse abaixo dos 3,50 reais, como vinha fazendo nos últimos meses. 

Para eles, a autoridade monetária almejaria proteger as exportações brasileiras, apesar dos efeitos inflacionários do dólar forte.

O dólar havia fechado abaixo de 3,50 reais na sessão passada e no patamar mais baixo em mais de três semanas, mas o BC não anunciou qualquer intervenção para esta sessão, mantendo-se ausente pelo quinto pregão consecutivo.

A queda de 0,98% da sessão passada veio após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, evitar precisar quando o banco central norte-americano pretende elevar os juros, levando investidores a apostar que isso deve acontecer apenas em setembro ou até mais tarde no ano.

A perspectiva de que juros baixos nos EUA mantenham a atratividade de outros mercados continuava beneficiando ativos emergentes nesta sessão e ajudava a limitar qualquer força do dólar no mercado brasileiro. 

O avanço dos preços de commodities, como o petróleo, também sustentava a demanda por risco.

O mercado brasileiro havia se descolado dos mercados externos no início do pregão, com operadores preocupados com a possibilidade de a instabilidade política dificultar a aprovação de medidas de austeridade fiscal no Congresso Nacional e prejudicar a credibilidade do país.

Segundo o jornal O Globo e a TV Globo, Janot pediu a prisão do presidente suspenso da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

"Com certeza, a sensação de risco no Brasil cresceu bastante. E quando o quadro político aperta, o investidor procura o dólar como forma de proteção", resumiu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.

O pedido de prisão de Sarney, Jucá e Renan se baseia na acusação de que os políticos tentaram obstruir as investigações de corrupção da operação Lava Jato. 

Dois ministros do governo presidente interino Michel Temer, incluindo Jucá, tiveram de deixar seus cargos por denúncias semelhantes.

Matéria atualizada às 11h24

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