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Dólar sobe e se aproxima dos R$3,60 com BC e pós-impeachment

O dólar fechou em alta de mais de 2 por cento e voltou para perto dos 3,60 reais após a aprovação do processo de impeachment contra a presidente Dilma


	Nota de dólar: dólar avançou 2,08 por cento, a 3,5972 reais na venda
 (leviticus/Thinkstock)

Nota de dólar: dólar avançou 2,08 por cento, a 3,5972 reais na venda (leviticus/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 17h27.

São Paulo - O dólar fechou em alta de mais de 2 por cento e voltou para perto dos 3,60 reais nesta segunda-feira, reagindo à intervenção do Banco Central e a realização de lucros um dia após a aprovação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.

O dólar avançou 2,08 por cento, a 3,5972 reais na venda, maior alta diária desde 23 de março (2,11 por cento). A moeda norte-americana chegou a 3,6210 reais na máxima da sessão e a 3,4719 reais na mínima. O dólar futuro avançava cerca de 1,8 por cento.

"O BC está usando a oportunidade para acelerar bastante a redução do seu passivo", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

O BC vendeu nesta manhã 68.840 swaps reversos da oferta de até 80 mil contratos, equivalentes a compra futura de dólares. O montante corresponde a cerca de 3,442 bilhões de dólares.

A autoridade monetária vem atuando pesadamente por meio desses instrumentos nas últimas semanas, reduzindo rapidamente o estoque de swaps tradicionais, que equivalem a venda futura de dólares. Com a atuação desta segunda-feira, o BC reduziu ao todo cerca de 29 bilhões de dólares o estoque de swaps tradicionais neste mês só por meio dos leilões dos reversos.

O dólar passou a subir após o anúncio da atuação do BC e continuou em alta firme durante todo o pregão. A moeda norte-americana chegou a recuar 1,48 por cento imediatamente após a abertura dos negócios.

Na noite passada, a Câmara dos Deputados aprovou por 367 votos a continuidade do processo de impeachment, superando com alguma margem os 342 necessários. Agora, a matéria precisa ser aprovada no Senado, que deverá assegurar que o vice-presidente Michel Temer assuma o comando do país pelo menos interinamente.

A perspectiva de que uma troca de governo poderia trazer de volta a confiança na economia brasileira já havia derrubado o dólar nos últimos meses, com a moeda norte-americana acumulando baixa de 10,74 por cento neste ano até sexta-feira.

"Agora que o fato se concretizou, muita gente aproveita para zerar essas vendas das últimas semanas", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

Profissionais do mercado financeiro já haviam afirmado à Reuters que a euforia inicial após a decisão da Câmara poderia ceder o lugar para cautela em pouco tempo, conforme o foco passa aos nomes que formariam a equipe econômica de eventual governo Temer.

Estrategistas do banco Societe Generale acreditam que a queda recente do dólar não deve ser duradoura e a moeda norte-americana deve voltar a subir e terminar o ano a 4,10 reais, reflexo dos fundamentos econômicos ruins do país.

"O dilema de baixo crescimento e inflação alta vai perdurar mesmo se o governo mudar", escreveram em relatório.

Texto atualizado às 17h27

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