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Dólar sobe com risco político após denúncia contra Temer

O governo pode passar mais tempo se defendendo politicamente, deixando em segundo plano os esforços para aprovar as reformas no Legislativo

Dólar: "O fatiamento (da denúncia) é ruim porque pode atrasar ainda mais as votações das reformas" (foto/Thinkstock)

Dólar: "O fatiamento (da denúncia) é ruim porque pode atrasar ainda mais as votações das reformas" (foto/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 27 de junho de 2017 às 17h25.

São Paulo - O dólar fechou em alta ante o real nesta terça-feira, em reação à denúncia criminal apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, que alimentou temores de que o andamento das reformas no Congresso Nacional será afetado.

O dólar avançou 0,51 por cento, a 3,3185 reais na venda, depois de marcar a máxima do dia a 3,3348 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,55 por cento no final da tarde.

"O fatiamento (da denúncia) é ruim porque pode atrasar ainda mais as votações das reformas", afirmou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin.

Janot ofereceu denúncia contra Temer e o ex-assessor presidencial e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pelo crime de corrupção passiva a partir da delação dos executivos da JBS. É a primeira vez que um presidente é denunciado criminalmente pela PGR no exercício do cargo.

Além disso, o chefe do Ministério Público Federal decidiu fatiar as acusações contra o presidente, sendo essa a primeira. Temer também foi investigado por crime de obstrução de Justiça e organização criminosa.

O governo pode passar mais tempo se defendendo politicamente, deixando em segundo plano os esforços para aprovar as reformas no Legislativo, sobretudo a da Previdência, considerada fundamental para colocar as contas públicas em ordem.

"A tendência é de desvalorização do real, já que a chance de passar a reforma da Previdência é cada vez menor", complementou Gonin.

Nesta tarde, Temer fez pronunciamento e partiu para o ataque, argumentando que a denúncia seria uma farsa e sem fundamentos.

Ele ainda insinuou que Janot pode ter recebido dinheiro como resultado de saída de um procurador para escritório de advocacia que participou do acordo de delação premiada da JBS, que serviu de base para a denúncia contra o presidente.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em julho.

Com isso, já rolou 6,150 bilhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem.

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