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Dólar sobe ante real acompanhando cena externa e fluxo de saída

Dólar avançou 0,84 por cento, a 3,3314 reais na venda, maior patamar desde os 3,3345 de reais de 22 de dezembro passado

Dólar: na máxima, moeda marcou 3,3372 reais (Getty Images/Getty Images)

Dólar: na máxima, moeda marcou 3,3372 reais (Getty Images/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 27 de março de 2018 às 17h09.

São Paulo - O dólar renovou seu maior nível de fechamento do ano ao terminar em 3,33 reais, com registro de fluxo de saída de recursos e acompanhando a recuperação da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior após sinais de negociação entre China e Estados Unidos enfraquecerem os temores de guerra comercial.

O dólar avançou 0,84 por cento, a 3,3314 reais na venda, maior patamar desde os 3,3345 de reais de 22 de dezembro passado. Na máxima, marcou 3,3372 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,60 por cento.

"Apesar do alívio com a guerra comercial, há alguma preocupação geopolítica, com a questão russa", afirmou o gerente de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.

No exterior, o dólar subia ante a cesta de moedas, recuperando-se da mínima de cinco semanas registrada na véspera. Também avançava ante as moedas de países emergentes, como o peso chileno.

As preocupações com uma guerra comercial amenizaram um pouco depois que o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse a parlamentares norte-americanos que a China está trabalhando para o diálogo com os Estados Unidos sobre o comércio, mas que está preparada para uma guerra comercial.

Além disso, o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, confirmou que o presidente Donald Trump pediu ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e ao representante comercial norte-americano, Robert Lighthizer, para tentarem resolver as diferenças com a China.

O mercado também seguiu de olho na questão diplomática envolvendo a Rússia. Nesta terça-feira, foi a vez de a Austrália informar que vai expulsar dois diplomatas russos em resposta a um ataque com uso de agente nervoso contra um ex-espião russo na Inglaterra, pelo qual o governo britânico responsabilizou Moscou.

Internamente, profissionais comentaram que fluxo de saída de recursos reforçaram a trajetória de alta do dólar ante o real vista desde o início dos negócios.

"Gradualmente, o dólar está violando o nível de 3,30 reais que é uma importante resistência, confirmando nossa visão de que o intervalo de negociação da moeda pode ter mudado para 3,25 reais a 3,35 reais", comentou o diretor de tesouraria de uma instituição financeira estrangeira ao citar como justificativa o menor diferencial de juros entre Brasil e exterior.

Internamente, a cena política seguiu no foco do mercado, à espera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de habeas corpus feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado no caso do tríplex do Guarujá. Ele lidera as pesquisas de intenção de votos e é considerado pelo mercado como menos comprometido com as contas públicas.

Os investidores estavam cautelosos por eventual anúncio do Banco Central para realização de leilão de linha, venda de dólares com compromisso de recompra. Vencem em 3 de abril 3,5 bilhões de dólares, segundo a assessoria de imprensa da autoridade monetária.

O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de até 14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril. Dessa forma, já rolou 8,4 bilhões de dólares do total de 9,029 bilhões de dólares.

Se mantiver esse volume e vendê-lo integralmente, o BC rolará o valor total dos swaps que vencem no próximo mês.

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