Dólar salta quase 1,5% com apostas de juro maior nos EUA
Após números robustos sobre o mercado de trabalho dos EUA, aumentou a perspectiva de mais juros neste ano
Reuters
Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 17h21.
São Paulo - O dólar saltou quase 1,5 por cento e foi ao patamar de 3,21 reais nesta sexta-feira, influenciado pela perspectiva de mais juros nos Estados Unidos neste ano após números robustos sobre o mercado de trabalho na maior economia do mundo.
O dólar avançou 1,44 por cento, a 3,2145 reais na venda, acumulando alta de 2,37 por cento na semana e interrompendo cinco semanas seguidas de queda, período que acumulou desvalorização de quase 6 por cento.
Na máxima da sessão, a moeda norte-americana foi a 3,2241 reais. O dólar futuro subia cerca de 1,50 por cento no final da tarde.
"(O relatório do mercado de trabalho) deixa o Fed firmemente na trilha para elevar os juros em março", escreveu o economista da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics, Andrew Hunter, referindo-se ao Federal Reserve, banco central norte-americano.
A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos avançou em janeiro e os salários cresceram ainda mais, maior ganho anual em mais de oito anos e meio e ampliando as expectativas de que a inflação vai acelerar neste ano com o mercado de trabalho atingindo o pleno emprego.
Assim, os mercados financeiros passaram a precificar cerca de 90 por cento de chance de subida dos juros em março e um pouco mais de 60 por cento de chances de aumento em junho e novamente em dezembro, com base em dados da Reuters.
A chance de uma subida da taxa na reunião do Fed no início de 2019 ainda era menos provável. Mas já havia uma minoria de analistas que vê quatro altas de juros nos Estados Unidos em 2018 diante dos dados mais forte a economia.
Na véspera, o Fed deixou a taxa de juros do país inalterada, mas previu que a inflação aumentará este ano, sinal de que mantinha o curso para elevar os juros em março sob o comando do novo chair Jerome Powell.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano.
"Como (o dólar frente ao real) começou o ano com forte baixa, o investidor aproveitou a deixa e realizou um pouco dos lucros recentes", afirmou o profissional da mesa de derivativos de uma corretora.
Internamente, o mercado seguiu de olho no noticiário sobre a reforma da Previdência, com o presidente Michel Temer afirmando que considera ter feito a sua parte pela aprovação do texto. A votação da matéria está marcada para 19 de fevereiro na Câmara dos Deputados.
O Banco Central não anunciou intervenção no mercado de câmbio nesta sessão. Vencem em março 6,154 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, e caso a autoridade queria rolá-los, terá de fazer leilões neste mês.
O BC também não rolou os contratos de venda com compromisso de compra de dólares que venciam nesta sexta-feira. Segundo o BC, eram ao todo de 3 bilhões de dólares.