Mercados

Dólar salta 2% e vai a R$ 3,65 com preocupações fiscais

Na máxima da sessão, a divisa subiu 2,07 por cento, a 3,6595 reais, maior nível desde 14 de fevereiro de 2003


	Dólares: na máxima da sessão, a divisa subiu 2,07 por cento, a 3,6595 reais
 (thinkstock)

Dólares: na máxima da sessão, a divisa subiu 2,07 por cento, a 3,6595 reais (thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2015 às 11h02.

São Paulo - O dólar saltava 2 por cento frente ao real e renovava as máximas em mais de doze anos nesta segunda-feira, pressionado por preocupações com a situação fiscal do Brasil e temores de que o país possa perder seu selo de bom pagador, mesmo após o Banco Central reforçar sua intervenção no câmbio.

Os movimentos locais também vinham em linha com os mercados externos, que sofriam o efeito de novo tombo da bolsa chinesa, acentuados também pela briga pela formação da Ptax de agosto.

A taxa, calculada pelo BC, serve de referência para diversos contratos cambiais e operadores costumam disputar para deslocá-la a patamares mais favoráveis a suas operações.

Às 10h20, o dólar avançava 1,99 por cento, a 3,6565 reais na venda. Na máxima da sessão, a divisa subiu 2,07 por cento, a 3,6595 reais, maior nível desde 14 de fevereiro de 2003, quando foi a 3,6700 reais.

"Não há nada de animador, nada de boas notícias", disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca. "Desde que me entendo por gente, este está sendo um dos piores momentos para o mercado financeiro".

A imprensa noticiou que a proposta de Orçamento de 2016 que será enviada pelo governo ao Congresso nesta segunda-feira trará projeção de déficit primário para o ano que vem.

Investidores entenderam que essa decisão deixaria o Brasil mais próximo de perder seu grau de investimento, o que provocaria intensa fuga de capitais dos mercados locais.

A apreensão com o cenário local somou-se à pressão vinda dos mercados externos, onde o dólar fortalecia em relação às principais moedas emergentes diante de preocupações com a desaceleração da economia chinesa, e levava a moeda norte-americana a saltar em relação ao real mesmo diante da intervenção do BC.

Após o fechamento dos negócios na sexta-feira, o BC anunciou para esta sessão leilão de venda de até 2,4 bilhões de dólares com compromisso de recompra em 4 de novembro de 2015 e 2 de dezembro de 2015.

Além disso, sinalizou que deve rolar integralmente os swaps cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares, que vencem em outubro.

"O BC não consegue estancar a alta do dólar, e nem quer. Ele quer deixar claro que está ali para fornecer liquidez, mas o problema agora não é de liquidez, é de fundamentos", disse o superintendente de derivativos de um importante banco nacional. (Por Bruno Federowski)

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarMercado financeiroMoedas

Mais de Mercados

Americanas (AMER3): posição em aluguel na bolsa dobra no ano e representa mais de 30% do free float

Após eleições, Goldman Sachs eleva previsão de crescimento do Reino Unido

Ibovespa opera próximo à estabilidade de olho em dados do payroll nos EUA; dólar cai a R$ 5,48

Por que a Coreia do Sul está "bombando"?

Mais na Exame