Dólar: "O mercado sente que o Fed está dividido demais e que Yellen preferirá ser cautelosa e não elevar os juros antes das eleições" (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2016 às 15h59.
São Paulo - O dólar reduziu a alta frente ao real nesta quarta-feira após a ata da última reunião do Federal Reserve mostrar que ainda há consenso no banco central norte-americano de que serão necessários mais indicadores econômicos antes que fique clara a necessidade de elevar os juros.
Às 15:45, o dólar avançava 0,27 por cento, a 3,2025 reais na venda, após chegar a 3,2355 reais na máxima da sessão. O dólar futuro subia cerca de 0,10 por cento nesta tarde.
"O mercado sente que o Fed está dividido demais e que (a chair do Fed, Janet) Yellen preferirá ser cautelosa e não elevar os juros antes das eleições", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta. As eleições presidenciais norte-americanas acontecerão em 8 de novembro.
Segundo o documento, divulgado nesta tarde, alguns membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) esperam que um aumento de juros seja necessário em breve, mas há um consenso geral de que são necessários mais dados antes disso.
A ata contrariou as expectativas de muitos operadores, que haviam comprado dólares pela manhã apostando que o documento reforçaria o recado de que os juros norte-americanos podem subir neste ano.
Na véspera, o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, afirmou ver possibilidade de alta de juros já em setembro, o que tenderia a atrair para a maior economia do mundo recursos alocados em outros países, como o Brasil.
"As declarações de Dudley ontem sugeriram um viés de alta de juros", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes.
Juros mais altos nos EUA tendem a drenar recursos de economias como o Brasil, que oferecem rendimentos elevados de forma a atrair investidores externos.
Após a divulgação da ata, os juros futuros norte-americanos passaram a apontar chance de 47 por cento de o Fed elevar os juros em dezembro, contra 58 por cento antes.
No Brasil, dúvidas sobre a estratégia de intervenções do Banco Central deixavam as cotações sensíveis. "Esses ruídos sobre o BC arranharam um pouco as cotações, deixaram o mercado desconfortável", disse o estrategista de um banco internacional.
Declarações do presidente interino Michel Temer demonstrando preocupação com a queda da moeda norte-americana levaram alguns investidores a apostar que o governo almejasse evitar impactos sobre a atividade do dólar fraco, mas o presidente do BC, Ilan Goldfajn, vem reforçando seu compromisso com o câmbio flutuante.
O BC vem vendendo diariamente 15 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, após elevar o ritmo na semana passada quando o dólar rondava as mínimas em mais de um ano.