Mercados

Dólar pode chegar a R$ 2,20 com medidas e cenário externo

Informação é de Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, que negocia dólar comercial com empresas exportadoras e importadoras

“O dólar deve passar de R$ 2,00 e poderá chegar a R$ 2,20 se houver um sinal de que o país terá dificuldade para financiar o déficit em conta corrente”, disse Nehme (Karen Bleier/AFP)

“O dólar deve passar de R$ 2,00 e poderá chegar a R$ 2,20 se houver um sinal de que o país terá dificuldade para financiar o déficit em conta corrente”, disse Nehme (Karen Bleier/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de março de 2012 às 14h23.

São Paulo - O dólar deve se valorizar diante do real este ano e poderá chegar a até R$ 2,20 com as medidas já adotadas pelo governo e a desaceleração da economia mundial, disse Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, que negocia dólar comercial com empresas exportadoras e importadoras.

“O dólar deve passar de R$ 2,00 e poderá chegar a R$ 2,20 se houver um sinal de que o país terá dificuldade para financiar o déficit em conta corrente”, disse Nehme, em entrevista por telefone de São Paulo.

Nehme disse que as medidas já adotadas pelo governo, como o aumento do Imposto sofre Operações Financeiras, tendem a reduzir gradualmente o fluxo de investimentos externos no Brasil. A intenção do governo, segundo ele, é levar o dólar ao patamar de R$ 2,00 para favorecer as exportações e proteger a indústria.

“O governo se assustou muito com o PIB nanico e está assustado com o ritmo fraco da indústria.”

Segundo o diretor da NGO, a desaceleração da economia da China e a crise ainda não totalmente resolvida na Europa também contribuem para desvalorizar o real este ano.


O real se depreciou 5,8 por cento em março até agora e é a moeda com pior desempenho em relação ao dólar entre as 16 principais divisas acompanhadas pela Bloomberg este mês.

O Banco Central acelerou o corte da taxa de juros e o governo anunciou a redução de impostos para eletrodomésticos como medidas para estimular a economia. O Produto Interno Bruto Brasileiro cresceu 2,7 por cento em 2012, no segundo pior desempenho desde 2003.

‘Tiro no pé’

Nehmne disse que a possível ampliação das transações expostas à cobrança do IOF, atingindo também os investimentos diretos, não teria sentido porque a tendência para estes recursos já é de queda este ano, mesmo sem o imposto, uma vez que os investidores externos estão mais cautelosos e privilegiando a liquidez.

“Tributar o IED seria um tiro no pé”, disse ele. “O governo correria o risco de não ter recursos para financiar o déficit em conta corrente.”

O Ministério da Fazenda disse que não há nenhum estudo sobre cobrança generalizada do Imposto sobre Operações Financeiras em todos os tipos de operação de câmbio, segundo nota enviada ontem por e-mail pela assessoria da instituição.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarGoverno DilmaMoedas

Mais de Mercados

"Mercado precifica cenário de quase crise fiscal no Brasil, que não é verdade", diz Mansueto Almeida

Ibovespa opera em queda após IPCA-15 e PIB dos EUA virem acima do esperado

IA transforma tarefas em Wall Street, mas profissionais ainda estão céticos

Stellantis tem queda de 48% no lucro líquido do 1º semestre

Mais na Exame