Dólar para baixo e PIB para cima: por que o Itaú está mais otimista com a economia brasileira
Banco prevê queda do dólar até o fim do ano por aumento do diferencial de juros com os Estados Unidos
Repórter
Publicado em 12 de setembro de 2024 às 17h32.
Última atualização em 12 de setembro de 2024 às 18h15.
O banco prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de alta de juros na próxima semana, com um aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.), elevando a Selic para 10,75%. Para o ciclo total, o Itaú projeta que a Selic atinja 12%, após duas elevações de 0,50 p.p. e uma adicional de 0,25 p.p.
Apesar do aumento da Selic, o Itaú espera um crescimento mais robusto do Produto Interno Bruto (PIB). Após os resultados sólidos do segundo trimestre, a projeção de crescimento do PIB para 2024 foi revisada de 2,5% para 3%. A estimativa para 2025 também foi ajustada, de 1,8% para 2%.
De acordo com o banco, o crescimento do PIB deve ser impulsionado pelo consumo das famílias, sustentado pela resiliência do mercado de trabalho. Dados recentes do IBGE mostram que a taxa de desemprego está em 6,8%, o menor patamar desde 2015.
O Itaú projeta uma leve alta da taxa de desemprego, para 6,9% até o final do ano, ante uma previsão anterior de 7,3%. Para 2025, a nova estimativa é de 7%, abaixo dos 7,5% projetados anteriormente.
Dólar mais baixo e impacto na inflação
Com esse cenário, oItaú revisou para baixo sua projeção para o dólar em 2024, de R$ 5,50 para R$ 5,40, e para 2025, de R$ 5,50 para R$ 5,20.O banco justifica essa mudança pelo aumento esperado no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, considerando que o Federal Reserve deve iniciar um ciclo de queda de juros, enquanto o Banco Central brasileiro pode seguir elevando a Selic. O dólar encerrou pregão desta quinta cotado a R$ 5,62.
A projeção para a inflação foi mantida em 4,2% para 2024, enquanto para 2025 foi ligeiramente reduzida de 4,2% para 4,1%, incorporando o impacto positivo de um real mais forte no controle de preços de bens de consumo.
Perspectiva fiscal mais otimista
No que diz respeito à questão fiscal, a projeção do Itaú também é mais otimista. O banco prevê um déficit primário de 0,4% do PIB em 2024, em comparação com a estimativa anterior de 0,6%. Para 2025, o déficit primário foi revisado de 0,9% para 0,8%.
No entanto, o banco alerta que, embora as receitas devam aumentar, isso não será suficiente para garantir a estabilização sustentável da dívida pública, a menos que seja acompanhada por uma agenda rigorosa de controle dos gastos obrigatórios.