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Dólar fecha na menor cotação desde julho de 2012

Venda de contratos de swap tradicional promovida pelo BC foi interpretada como sinal de que a inflação está incomodando a autoridade monetária


	Notas de dólar: a divisa norte-americana encerrou a sessão com variação negativa de 1,38% no balcão
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Notas de dólar: a divisa norte-americana encerrou a sessão com variação negativa de 1,38% no balcão (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

A atuação do Banco Central (BC) no período da manhã, que surpreendeu muitos profissionais da área de câmbio, determinou a queda do dólar ante o real nos mercados à vista e futuro, em meio à percepção de que a autoridade monetária está bastante preocupada com a inflação no Brasil.

Ao vender 37 mil contratos de swap cambial tradicional, em um total de US$ 1,847 bilhão, numa operação que equivale à venda da moeda americana no mercado futuro, o BC rolou antecipadamente os contratos que vencem em 1º de fevereiro. Com isso, o dólar terminou o dia em baixa de 1,38% e fechou cotado a R$ 2,0020 no balcão, no menor patamar desde 2 de julho de 2012, quando estava em R$ 1,9890.

Na máxima do dia, vista pela manhã, a moeda americana marcou R$ 2,0370 (+0,34%) e, na mínima, verificada à tarde, atingiu R$ 2,0010 (-1,43%). Da máxima para a mínima, a moeda americana oscilou -1,77% no balcão. Pouco depois das 16h30 (horário de Brasília), a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de US$ 2,468 bilhões, sendo US$ 2,113 bilhões. Já o dólar pronto da BM&F, com apenas quatro negócios, fechou em baixa de 0,81%, a R$ 2,01650. No mercado futuro, o dólar com vencimento em fevereiro era cotado a R$ 2,00250, em baixa de 1,52%.

Profissionais ouvidos pela Agência Estado interpretaram a atuação do BC como um sinal de que a inflação, de fato, incomoda. "O swap é mais uma indicação de que o Banco Central está interessado em deixar o câmbio numa banda bem estreita, com R$ 2,05 como teto das cotações", comentou Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ. "O leilão do BC não era esperado e sinaliza que, para ele, um dólar entre R$ 2,05 e R$ 2,10 não é mais desejável", acrescentou Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.


Ao fazer a cotação no balcão se reaproximar de R$ 2,00, o Banco Central, na visão dos profissionais, alivia um pouco a pressão cambial sobre a inflação, em um momento em que vários índices de inflação mostram pressão sobre os preços. Hoje, por exemplo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) anunciou a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para 1,04% na terceira quadrissemana de janeiro, ante taxa de 0,96% na segunda leitura do mês.

Além disso, a Fipe elevou a previsão para o IPC no encerramento de janeiro, de 0,98% para 1,06%. No relatório Focus do Banco Central, a mediana das estimativas para o IPCA em janeiro subiu de 0,81% para 0,85%, enquanto a inflação prevista para 2013 avançou de 5,65% para 5,67%.

O movimento de baixa para o dólar ante o real foi intensificado pelo interesse, no mercado futuro, dos bancos, que seguem vendidos em dólar, faltando poucos dias para a determinação da Ptax que servirá de referência para a liquidação dos derivativos cambiais em 1º de fevereiro. Na prática, os bancos atuam para que o dólar permaneça em patamares menores, o que vai favorecer seus ganhos.

Neste contexto, alguns profissionais já enxergam espaço para que o dólar, no balcão, recue nos próximos dias a patamares inferiores a R$ 2,00, com o mercado também testando a disposição do BC em atuar novamente - desta vez, para segurar a moeda.

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