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Dólar fecha com alta de 1,14% após sinalização do Fed sobre juros

Com juros mais altos, os recursos aplicados em países como o Brasil acabam sendo direcionados de volta aos EUA

Dólar: "O mercado não estava preparado para a indicação de três altas de juros no próximo ano e isso obrigava uma correção" (Foto/Thinkstock)

Dólar: "O mercado não estava preparado para a indicação de três altas de juros no próximo ano e isso obrigava uma correção" (Foto/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 15 de dezembro de 2016 às 17h38.

São Paulo - O dólar terminou com forte alta ante o real nesta quinta-feira, após a decisão do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de elevar a taxa de juros pela primeira vez em um ano e sinalizar três altas em 2017.

Com juros mais altos, os recursos aplicados em países como o Brasil acabam sendo direcionados de volta aos EUA, pressionando as demais moedas.

O dólar avançou 1,14 por cento, a 3,3713 reais na venda. Na máxima, a moeda chegou a 3,4092 reais, alta de 2,28 por cento.

A última vez que o dólar havia tocado no nível de 3,40 reais no intradia havia sido no dia 12 de dezembro, quando marcou 3,4090 reais. Na mínima desta sessão, o dólar recuou a 3,3671 reais.

"O mercado não estava preparado para a indicação de três altas de juros no próximo ano e isso obrigava uma correção", disse o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.

O movimento de correção foi mais intenso durante a manhã. Ao longo da sessão, a moeda sofreu muita oscilação e acabou terminando longe da máxima do dia.

"A volatilidade imperou, com muito giro curto, operações de day-trade. Apesar da correção necessária do Fed, os investidores não estão querendo se posicionar e dá espaço para esse forte vaivém", comentou o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.

A leitura é de que essa correção também seja suavizada àmedida que o tempo for passando, até porque são muitas as variáveis que um banco central leva em conta para tomar sua decisão sobre juros.

"A indicação do Fed (sobre as próximas altas de juros) não é garantia de nada", disse Machado.

Em dezembro do ano passado, o Fed elevou a taxa de juros pela primeira vez após a crise financeira de 2008 e indicou, na ocasião, que a taxa poderia subir quatro vezes em 0,25 ponto percentual neste ano. Mas houve apenas uma elevação desta semana.

"A mudança da sinalização para o próximo ano aconteceu porque os indicadores norte-americanos têm sido muito bons, sobretudo os de emprego. Por si só eles já justificariam um Fed mais hawkish", comentou o operador da H.Commcor.

A reação ao Fed foi global e o dólar no exterior atingiu a máxima em 14 anos, colocando o euro no seu menor nível desde janeiro de 2003.

O cenário político interno conturbado também alimentou a valorização do dólar ante o real.

"Estamos vivendo um cenário político sem precedentes. Quando se imagina que a poeira vai baixar, novos estresses surgem", destacou um operador da mesa de câmbio de uma corretora local.

Cautela, assim, segue sendo a tônica do mercado neste final de ano.

O Banco Central não atuou no mercado de câmbio nesta quinta-feira.

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