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Dólar fecha em R$ 4,20 pela primeira vez na história

Maior cotação nominal até aqui havia sido de 4,1957 reais no fechamento de 13 de setembro de 2018

Dólar (Royalty-free/Getty Images)

Dólar (Royalty-free/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 18 de novembro de 2019 às 17h10.

Última atualização em 18 de novembro de 2019 às 18h01.

O dólar quebrou um novo recorde de fechamento nesta segunda-feira (18). Após operar em baixa durante boa parte dos negócios, a moeda mudou de direção e passou a subir contra o real no final da tarde, ultrapassando sua marca histórica batida há mais de um ano. O mercado monitorou os novos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e uma votação do STF sobre decisão envolvendo o antigo Coaf.

A moeda norte-americana subiu 0,30%, negociada em 4,2061 reais na venda. A maior cotação nominal da moeda até então havia sido de 4,1957 reais, no fechamento de 13 de setembro de 2018. 

Na última sessão, a cotação do dólar havia chegado em 4,2000 reais no intradia (durante o horário dos negócios), mas fechou em 4,1934 reais na venda. Na B3, em que os negócios com mercado futuro vão até as 18h15, o contrato de dólar de maior liquidez tinha alta de 0,24%, em 4,2100 reais.

A alta do dólar nesta sessão deu sequência a um movimento visto ao longo do mês. No acumulado de novembro, a moeda sobe 4,91%, mais do que anulando a queda de outubro (-3,52%) e a caminho da maior valorização mensal desde agosto (+8,51%).

Moeda mudou de direção

A combinação entre decepção com o leilão do pré-sal de 6 de novembro, convulsão social na América Latina, ruídos políticos locais e exterior ainda afetado por incertezas comerciais tem impulsionado o dólar, que ganha ainda frente a várias outras moedas emergentes.

O economista da NGO corretora, Sidnei Nehme, defende que problemas internos pressionaram o dólar frente ao real nesta sessão, enquanto o vaivém da tensão comercial entre China e Estados Unidos ficou em segundo plano.

“A insegurança jurídica gerada com a tensão entre a opinião pública e o STF e as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que a reforma pode esperar ajudam a deixar o mercado mais nervoso e isso se sobrepõe ao bom momento da economia”, diz a EXAME.

Tanto o dólar à vista quanto o futuro chegaram a cair mais cedo, quando predominou o otimismo em relação às negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O bom humor era uma reação à notícia da agência estatal chinesa Xinhua de que os dois lados mantiveram "negociações construtivas" sobre comércio, em um telefonema de alto nível no sábado.

Mais tarde, contudo, a rede de televisão CNBC relatou que o humor em Pequim sobre um acordo comercial com os Estados Unidos é pessimista, devido à relutância do presidente norte-americano, Donald Trump, em retirar tarifas, o que diminuiu um pouco o otimismo sobre o tema.

No entanto, a piora do humor não foi suficiente para derrubar os principais índices de ações Wall Street, que bateram novos recordes hoje. Ajudou aa decisão de Washington de conceder uma extensão para empresas norte-americanas fazerem negócios com a chinesa Huawei, o que ajudou a amenizar algumas preocupações sobre as relações comerciais entre EUA e China.

Dia de decisão no STF

No Brasil, a força do dólar seguiu amparada pela falta de expectativa de considerável ingresso de capital no curto prazo, depois da frustração com a participação estrangeira no leilão do excedente da cessão onerosa, no começo de novembro.

Hoje, investidores acompanham o julgamento do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma decisão que determinou o envio à corte de relatórios do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), atual Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, havia determinado que o BC enviasse à corte todos os Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) e das Representações Fiscais para Fins Penais (RFFP) nos últimos três anos. A medida pode colocar em risco informações privadas de mais de 600 mil pessoas.

Recorde histórico importa?

O Banco Central vendeu nesta segunda-feira 4 mil contratos de swap cambial reverso e 200 milhões de dólares, de uma oferta de 12 mil e 600 milhões, respectivamente. O órgão vendeu ainda 8 mil contratos de swap tradicional para rolagem do vencimento janeiro 2020. 

Em relatório, o Credit Suisse chamou atenção para os efeitos das expectativas quanto a possíveis intervenções do Banco Central no câmbio. Segundo o banco suíço, qualquer expectativa de atuação do BC neste momento pode ser frustrada, o que poderia dar mais fôlego ao dólar.

Além disso, estrategistas do Credit falam em "proliferação" de estruturas de opções com barreiras acima de 4,20 reais, que, rompidas, poderiam causar uma aceleração na alta do dólar.

"A natureza assimétrica de riscos direcionais sobre expectativas de intervenção, combinada com a extensão da decepção com o leilão de petróleo, nos deixa receosos sobre tentar minimizar a força do dólar a partir dos atuais níveis", afirmaram os profissionais.

O dólar em recorde histórico nominal, contudo, não é visto por alguns no mercado como sinal de um Brasil mais arriscado. "Há tempos que o câmbio perdeu aderência ao risco-país, que está em baixa. O dólar reage a muitas outras questões, entre elas externas", disse à Reuters Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset. 

 

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