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Dólar fecha a R$ 4,03, menor valor frente ao real em 2 meses

Moeda norte-americana cedeu 1,05%, ainda repercutindo a reforma da Previdência

Na véspera, a moeda brasileira liderou os ganhos, com o dólar em baixa de 1,33%. (Rick Wilking/Reuters)

Na véspera, a moeda brasileira liderou os ganhos, com o dólar em baixa de 1,33%. (Rick Wilking/Reuters)

TL

Tais Laporta

Publicado em 23 de outubro de 2019 às 17h07.

Última atualização em 23 de outubro de 2019 às 17h38.

O dólar voltou a cair de forma expressiva nesta quarta-feira (23), com operadores ainda repercutindo a aprovação final da reforma da Previdência pelo Senado, o que tirou um relevante fator de risco do cenário do mercado.

A moeda norte-americana cedeu 1,05%, a 4,0329 reais na venda - o menor valor frente ao real desde 21 de agosto. Na mínima, desceu a 4,0320 reais, menor patamar desde 12 de setembro. Segundo a Reuters, o real teve o segundo melhor desempenho entre as principais moedas globais, atrás apenas de lira turca.

Na véspera, a moeda brasileira liderou os ganhos, com o dólar em baixa de 1,33%, a mais forte em quase sete semanas e que afundou a cotação abaixo de sua média móvel linear de 50 dias, sinal técnico favorável a mais vendas.

O risco-país medido pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, referência do mercado, baixava a 126,42 pontos-base, o menor desde 20 de setembro.

Após idas e vindas, atrasos e algumas derrotas para o governo, o Senado concluiu nesta quarta-feira a votação em segundo turno da reforma da Previdência, que agora já pode ser promulgada depois de publicada. O mercado já trabalhava com a aprovação, mas ainda aguardava a confirmação. O foco agora se volta para outras reformas.

Na lista da agenda do governo estão a PEC paralela da reforma da Previdência para Estados e municípios, a reforma administrativa, o projeto de lei que atualiza o marco legal do saneamento básico, a PEC da regra de ouro (que cria gatilhos para conter o crescimento das despesas públicas), a reforma previdenciária dos militares e a reforma tributária, entre outras.

"Espero que, passada a reforma da Previdência, outros vetores da agenda econômica comecem a caminhar, ficando claro para o investidor –especialmente o estrangeiro– o caminho positivo que o Brasil está seguindo", disse Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos.

Juro x câmbio

O ambiente mais positivo do lado das reformas referendou apostas de juros cada vez mais baixos. Contratos de DI indicavam Selic média de 4,25% em março de 2020, bem abaixo dos 5,50% atuais.

O ciclo de queda da Selic tem puxado os juros de mercado a mínimas históricas, posição protegida em parte no mercado de câmbio via compra de dólar. Isso ajuda a explicar a queda dos DIs a mínimas recordes, enquanto a moeda norte-americana chegou a rondar máximas recordes em torno de 4,20 reais.

Porém, parte dessas posições pode estar sendo desmontada, percepção reforçada na véspera pela forte queda do dólar num dia de firme alta dos DIs. "A 'festa' de (compra de) dólar e (venda) de pré pode estar acabando", disse um gestor que pediu para não ser identificado.

A favor do câmbio, analistas do Morgan Stanley citaram a expectativa de relevante fluxo de recursos ao Brasil na esteira de leilões do pré-sal e privatizações. "Vemos chance de 17 bilhões de dólares em fluxo até o quarto trimestre de 2020", disseram profissionais do Morgan Stanley em nota a clientes.

Ainda assim, o menor diferencial de juros entre o Brasil e o mundo devido à Selic nas mínimas recordes deve continuar a limitar valorização mais intensa da taxa de câmbio.

"À medida que a taxa de juros cai, é razoável esperar que a própria taxa de câmbio se mantenha mais desvalorizada, mas isso não deveria vir carregado de um sentimento negativo sobre a evolução da economia, dado que a associação automática de desvalorização cambial e problemas domésticos deixou de prevalecer", disseram em relatório Artur Wichmann e Daniel Leichsenring.

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