Dólar: investidores têm diminuído aplicações em moedas de países emergentes em meio a sinais de que o Fed pode começar a reverter parte do estímulo econômico nos EUA (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2013 às 14h36.
São Paulo - O dólar deve continuar perto das máximas ante o real em quatro anos ao longo dos próximos 12 meses, complicando a estratégia do Banco Central para reduzir a inflação, segundo pesquisa da Reuters.
O cenário para a taxa de câmbio piorou pelo terceiro mês seguido, com os analistas prevendo o dólar a 2,30 reais ao final de 12 meses, de acordo com a mediana das projeções de 23 analistas consultados pela Reuters.
Há um mês, a previsão era de que o dólar estaria a 2,225 reais em um ano.
Investidores em todo o mundo têm diminuído suas aplicações em moedas de países emergentes em meio a sinais de que o Federal Reserve pode começar a reverter parte do estímulo econômico nos Estados Unidos. Além disso, o mercado tem perdido a paciência com a contínua fraqueza da economia brasileira mesmo após diversas medidas do governo de Dilma Rousseff.
Enquanto o cenário para o Brasil piorou, as perspectivas do peso mexicano melhoraram um pouco na pesquisa, realçando a diferença de percepção sobre as duas maiores economias da região. Mesmo com os recentes sinais de fraqueza da economia mexicana, os investidores têm se mantido animados com as expectativas de aprovação de reformas estruturais.
A mediana das expectativas de 18 analistas projeta a moeda mexicana em 12,35 por dólar após um ano, ante 12,39 por dólar na pesquisa feita em julho. A moeda fechou a sessão de terça-feira cotada a 12,625 por dólar.
Embora o dólar alto possa ajudar a economia brasileira ao estimular as exportações, analistas têm alertado que a moeda também deve manter a inflação perigosamente perto do teto da meta ao longo do próximo ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a 6,27 por cento no acumulado em 12 meses até em julho e deve ir abaixo de 6 por cento até o fim do ano, segundo a mediana das expectativas na pesquisa Focus do BC.
Mas com o dólar no atual nível, o IPCA voltaria a ficar acima de 6 por cento no ano que vem, segundo Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, deixando o governo sem nenhuma margem de manobra para lidar com qualquer choque inesperado na inflação.
"E o dólar não volta porque a gente está com quadro de deterioração do balanço de pagamentos e eu não vejo isso se revertendo no curto prazo. Não tem demanda mundial que puxe a demanda por exportações", disse Santos.
A pesquisa foi conduzida de segunda a quarta-feira.