Mercados

Dólar cai quase 2% e volta a ficar abaixo de R$ 4

Salto no preço do petróleo animou investidores; queda era ainda maior até o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela S&P


	Dólares: moeda teve maior queda desde 28 de dezembro e voltou a ficar abaixo de R$ 4 por otimismo com petróleo
 (Karen Bleier/AFP)

Dólares: moeda teve maior queda desde 28 de dezembro e voltou a ficar abaixo de R$ 4 por otimismo com petróleo (Karen Bleier/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 16h30.

São Paulo - O dólar fechou em queda de quase 2 por cento e voltou a ficar abaixo de 4 reais nesta quarta-feira, refletindo o maior otimismo global diante do salto nos preços do petróleo em meio a expectativas de acordo para congelar a produção global da commodity.

O dólar recuou 1,88 por cento, a 3,9940 reais na venda, maior queda de fechamento desde 28 de dezembro, quando caiu 2,10 por cento.

A moeda norte-americana chegou a recuar a 3,9670 reais na mínima da sessão, mas reduziu as perdas na reta final do pregão após a Standard & Poor's rebaixar a nota de crédito do Brasil para "BB", ante "BB+", mantendo a perspectiva negativa.

O país já havia perdido o selo de bom pagador pela agência no ano passado.

"A leitura de que há disposição de segurar os preços do petróleo fez muita gente desmontar apostas na alta do dólar", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Os preços do petróleo subiram em torno de 7 por cento nesta sessão depois de o Irã expressar apoio à iniciativa encabeçada por Rússia e Arábia Saudita para congelar a produção de forma a impulsionar os preços, que caíram às mínimas em 12 anos na semana passada.

O recuo recente do petróleo vem pressionando a demanda por ativos ligados a commodities, como moedas de países da América Latina. A pressão cambial levou o banco central do México a convocar reunião extraordinária e elevar os juros em 0,50 ponto percentual, para 3,75 por cento. O dólar recuava mais de 3 por cento na comparação com o peso mexicano.

Operadores salientaram que o mercado local deve continuar volátil nas próximas semanas, já que cenário político e econômico no Brasil continua difícil.

"Acredito que o impeachment deve voltar à pauta nas próximas semanas e isso deve gerar bastante movimento no câmbio", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

"Consideráveis" desafios políticos e econômicos levaram a S&P a rebaixar a nota de crédito do Brasil novamente, advertindo que pode piorar ainda mais a classificação do país.

O dólar reduziu a queda frente ao real após a decisão, mas o impacto foi limitado porque o país já era classificado como grau especulativo pela agência.

"É um problema mais de médio prazo do que de curto prazo. Vai demorar mais para o Brasil recuperar o grau de investimento, porque é raro uma agência melhorar o rating duas vezes em um ano", disse o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno.

Outro fator que tem trazido incertezas ao mercado é a política monetária norte-americana. Simultaneamente ao fechamento do mercado à vista, o Federal Reserve divulgou a ata de sua última reunião, revelando que autoridades do banco central norte-americano discutiram alterar a trajetória planejada de altas de juros neste ano devido ao aperto das condições financeiras globais.

Após a divulgação do documento, o dólar futuro ampliou levemente as perdas.

Nesta manhã, o Banco Central promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em março, vendendo a oferta total de 11,9 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou 5,804 bilhões de dólares, ou cerca de 57 por cento do lote total, que equivale a 10,118 bilhões de dólares.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingCâmbioDólarEnergiaMercado financeiroMoedasPetróleoRatingStandard & Poor's

Mais de Mercados

Megafusão de Honda e Nissan: um 'casamento' de conveniência sob intensa pressão

Bolsas de NY vivem pregão pressionado e Ibovespa cai; dólar volta aos R$ 6,19

Embraer assina contrato para vender 2 unidades do C-390 Millennium para cliente não revelado

Crise das emendas, IPCA-15 e dados de emprego: o que move o mercado