Dólar: pela manhã, o dólar avançou com força sobre o real após o vazamento de delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht (foto/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 17h19.
São Paulo - O dólar fechou a segunda-feira em queda ante o real, pela sexta sessão consecutiva e foi abaixo do patamar de 3,35 reais, influenciado pelo comportamento da moeda norte-americana no exterior diante da forte valorização dos preços do petróleo.
O cenário político brasileiro conturbado, no entanto, havia feito a moeda norte-americana subir 1 por cento ante o real mais cedo.
O dólar recuou 0,81 por cento, a 3,3455 reais na venda, acumulando perdas de 3,66 por cento em seis pregões.
Na máxima do dia, a moeda norte-americana marcou 3,4090 reais, alta de 1,07 por cento. O dólar futuro caía cerca de 0,90 por cento no final desta tarde.
"O mercado internacional influenciou a virada do dólar, ajudado pelo leilão de swap do Banco Central", comentou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, ao destacar o avanço do petróleo.
No exterior, os preços do petróleo tinham forte alta. Os contratos futuros da commodity chegaram a subir 6,5 por cento, atingindo máxima de 18 meses, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e alguns de seus rivais chegarem ao seu primeiro acordo desde 2001 para reduzir conjuntamente a produção, tentando combater o excesso de oferta global e aumentar os preços.
O dólar recuava sobre os pesos mexicano e chileno.
Ajudou também na queda do dólar a conclusão da rolagem, feita pelo BC brasileiro nesta sessão, dos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, que vencem em janeiro e equivalentes a 5 bilhões de dólares. No leilão de mais cedo, vendeu 9.995 swaps.
O próximo lote vence em 1º de fevereiro, correspondente a 6,431 bilhões de dólares. No total, o estoque total de swaps tradicionais está em 26,559 bilhões de dólares, segundo dados do BC.
Pela manhã, o dólar avançou com força sobre o real após o vazamento de delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho, que citou recursos repassados a líderes peemedebistas.
Foram citados o presidente Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha, o secretário Moreira Franco, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR).
"A delação atinge Temer e seus principais ministros, o que pode prejudicar sua governabilidade e dificultar a aprovação de medidas", comentou mais cedo o agente autônomo da assessoria de investimentos Criteria, Felipe Favero.
Só nesta semana, o governo tem importantes votações no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento do gasto público em segundo turno no Senado, na terça-feira.
Além disso, a desaprovação ao governo Temer subiu para 51 por cento em dezembro, ante 31 por cento em julho, acompanhada da queda na confiança na economia, segundo pesquisa Datafolha divulgada na véspera.
O levantamento foi realizado entre 7 e 8 de dezembro, antes de surgirem detalhes de delação da Odebrecht.
"Uma votação apertada da PEC do teto pode deixar os investidores ainda mais preocupados", comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O mercado também estava de olho na reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, na quarta-feira, com apostas amplamente majoritárias de que elevará os juros da maior economia do mundo.
Importante também será a indicação de novos possíveis movimentos, após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que alimentou as preocupações de que sua política econômica será inflacionária e pode pressionar o Fed a elevar ainda mais os juros.